Apesar de cobrar respeito no trânsito, pedestre não usa botão de travessia
Não é de hoje que trânsito é uma divergência entre motoristas e pedestres de Campo Grande. Quem anda pela cidade, reclama do desrepeito dos condutores. Mas um dos mecânismos criados para privilegiar os pedestres acabou esquecido por eles mesmos. Muitos não usam, não sabem, ou desconfiam do funcionamento dos sinais de pedestres, conhecidos como botoeiras.
Em frente ao Shopping Norte Sul Plaza, o Campo Grande News constatou que as boateiras estão funcionando normalmente, mas quase não são acionadas. O usuário deveria apertar o botão e depois de cinco segundos o sinal fecharia para os motoristas, permitindo ao pedestre atravessar na faixa da avenida Ernesto Geisel em um período máximo de 14 segundos.
Questionado se utiliza a botoeira para atravessar, o auditor de loja Geovane Oliveira, de 18 anos, jurou que sim. Mas é fácil perceber que mesmo com o sinal aberto para os motorista, os pedestres acabam atravessando a avenida. Geovane confessou que faz isso, mas explicou que é por causa da pressa.
“Certo eu sei que não é, mas acabo fazendo por que sempre estou apressado para entrar no serviço ou para fazer outras coisas do cotidiano. É perigoso, pois os motoristas não respeitam muito os pedestres. Preciso mudar esse hábito”, comentou.
Já a dona de casa Brenda da Costa disse que nunca apertou o botão. Ela reclama que os motoristas muitas vezes avançam o sinal sem mesmo esperar os pedestres atravessarem. “Essa prática aumenta o risco de acidentes. Acredito que é uma falta de respeito e de atenção no trânsito”, explicou.
Concordando com o argumento de Brenda, a empregada doméstica Cleonice da Silva, 36, acha que os motoristas não respeitam os pedestres porque em caso de acidente não sairão feridos. “Em um acidente sempre quem paga é o pedestre que vai ficar machucado ou até mesmo morrer. O motorista não vai sofrer nada. Sem falar que toda vez que eles atropelam, não prestam socorro e ainda fogem do lugar”, mencionou.
O comerciante Joanil Vicente Carneiro, 40, apesar de ser motorista há anos, alegou que nunca furou o sinal. Ao contrário do que pensam os pedestres, ele disse que na maioria dos acidentes quem está errado é a pessoa que está a pé. “Eles quase nunca passam pela faixa de pedestres e sim pelo meio das avenidas. Então não podem cobrar muita coisa”, apontou.
Para a operadora de caixa Júlia Peralta, 21, o desrespeito é cometido tanto por pedestres como por motoristas. Ela reforçou que não existe organização no trânsito da Capital e nem fiscalização por meio dos órgãos competentes. “A conscientização tem que haver de todos os lados, se não nada irão mudar. O respeito tem que vir individualmente só assim teremos um trânsito perfeito”, finalizou.