Após 18 meses de nova direção, Santa Casa volta a enfrentar crise
Passados 18 meses da troca de comando, a Santa Casa volta a enfrentar crise financeira. No mês passado, só parte dos fornecedores foram pagos e, entre os funcionários, quem recebe acima de R$ 5 mil, ganhou apenas 70% do salário. O problema, segundo a nova direção, é reflexo do déficit mensal de R$ 4 milhões para bancar o custeio no atendimento público.
Em maio de 2013, o hospital, após intervenção de oito anos do município e do Estado, voltou ao comando da Associação Beneficente de Campo Grande, presidida por Wilson Teslenco. “Desde que a reassumimos, avisamos os três entes (Ministério da Saúde, o Estado e a prefeitura da Capital) da necessidade de revisar o contrato de 2011”, frisou o presidente.
Segundo ele, a Santa Casa recebe por mês em torno de R$ 15,1 milhões do SUS (Sistema Único de Saúde). O recurso, porém, não seria suficiente para bancar o custeio do atendimento público e o déficit mensal seria de R$ 4 milhões. “Cerca de 90% do nosso atendimento é público”, frisou Teslenco.
Diante da dificuldade financeira, conforme ele, a Santa Casa vem reforçando, desde maio, não suportar mais o déficit a partir de agosto passado. “A nossa proposta é para que os três entes rateassem os R$ 4 milhões em condições sustentáveis”, enfatizou Teslenco.
Apesar do alerta, de acordo com ele, governos federal, estadual e municipal se “silenciaram”. “Fomos algumas vezes a Brasília para tentar renegociar o contrato, mas o Ministério da Saúde não nos deu resposta e todos se silenciaram”, comentou o presidente da associação.
Supostamente sem dinheiro suficiente, a crise voltou a bater as portas do hospital. “No mês passado, pagamos parcialmente os fornecedores e devemos fazer isso novamente”, informou Teslenco. “Neste mês, pagamos o salário de todos que recebem até R$ 5 mil e 70% de quem ganha mais do que isso”, acrescentou.
Sobre as consequências da crise financeira no atendimento, o presidente do hospital evitou dar detalhes. “Na segunda-feira (20), vamos dar entrevista coletiva para falar sobre as soluções possíveis”, desconversou.
Até agora, segundo ele, a prefeitura propôs reforçar, a partir de fevereiro de 2015, em R$ 2 milhões o repasse mensal. “Mas isso não resolverá o nosso problema”, ponderou.
Por meio da assessoria de imprensa, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que a prefeitura “cumpre o que está contratualizado”. “O aumento do teto do SUS está em negociação, mas isso não depende só do município”, completaram.
O titular da pasta, Jamal Salém, não atendeu ligação e nem a retornou para dar mais detalhes do caso. Informações extraoficiais indicam que ele estaria em reunião com a direção da Santa Casa para tentar sanar o problema.