Após 48h, moradores até da região central reclamam do acúmulo de lixo
Nunca na história da Capital um serviço público foi tão aguardado pela população quanto a retomada da coleta de lixo, que começou a ser normalizada na sexta-feira (18), com o fim da greve de parte dos coletores da Solurb, empresa responsável pelo serviço em Campo Grande.
Mas, apesar de coletar o lixo diariamente nos bairros próximos a região central, vários pontos não foram atendidos durante o final de semana, frustrando os moradores. O próprio presidente do sindicato dos Trabalhadores em Asseio e Conservação, Wilson Gomes da Rocha, havia ressaltado no final da greve que esses locais seriam prioridade na retomada dos trabalhos.
Porém, bairros como Amambaí e Vila Carvalho, onde a coleta ocorre de segunda à sábado devido ao grande fluxo de moradores e por concentrar ruas comerciais, ficaram sem atendimento em sua totalidade.
Na manhã desta segunda-feira, (21), a reportagem do Campo Grande News passou por diversas ruas desses bairros e constatou, ainda, lixeiras abarrotadas e lixo espalhado em canteiros de avenidas.
Nas esquinas e comércio, o assunto predominante ainda é o lixo, que agora soma-se a esperança dos moradores de verem pelo menos parte dos sacos retirados das fachadas das casas até meados da semana.
Pelas ruas onde os caminhões passaram, já na sexta-feira, houve até aplausos da população. Foi o que aconteceu em frente a um bar na esquina das ruas Barão do Rio Branco com a José Antônio.
Quem ainda não teve a mesma sorte, permanece sentado na varanda das casas, á espera de um caminhão. É o caso do aposentado Rubens Camargo e da esposa Astrea Camargo. Moradores na Avenida Madri com a Rua Berillo, na Vila Alba, os dois contam que viram um caminhão passar pelos arredores, mas o trecho em que moram foi ignorado.
Com o calor, a demora da coleta só piora a situação, já que o mau cheiro se agravou desde sábado, quando as temperaturas estão beirando a casa dos 40ºC. “Ainda bem que temos um canteiro na avenida e estamos colocando os sacos lá porque dentro de casa já não dá mais”, afirma Astrea.
Dono de uma mercearia no local, Rodrigo Nicoletti diz que alguns vizinhos até tentaram manter o lixo nas calçadas, mas com o calor, o cheiro ficou insuportável. “O problema é que nem todo mundo embala direito e ele acaba se espalhando”, reclama.
O Bairro Taveirópolis, onde o serviço acontece às terças e quintas-feiras, segundo moradores, também não houve registro de nenhuma coleta ou varrição. “Estou aguardando ver se passam amanhã. Já pedi para um caminhão de frete levar o meu na semana passada para o lixão porque com esse calor não dá para guardar no quintal”, explica o aposentado Esperidião da Silva.
Moradora do mesmo bairro, na Rua Pedro Pedrossian, próximo a Avenida Tiradentes, a dona de casa Raquel Gonçalves também reclama e acredita que a empresa deveria pagar hora extra para os funcionários. “Se não for assim, vai demorar muito para retirar todo o lixo. Quanto mais rápido terminar, melhor para todos”, diz.
De acordo o presidente do sindicato da categoria, Wilson Gomes, de fato, no sábado, apenas 60% dos trabalhadores saíram às ruas, já que uma parcela ainda não havia recebido os salários, mesmo tendo os valores liberados.
No entanto, ele ressalta que hoje 100% dos coletores está nas ruas e os bairros onde o serviço ocorre às segundas, quartas e sextas, já serão atendidos, o que representa metade da cidade. “Mesmo assim não será possível coletar tudo devido a demanda, Para voltar ao normal, mesmo só daqui 20 dias”, diz