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Capital

Após delação, autor de denúncia e familiares sofrem ameaça de morte

Filipe Prado | 01/12/2015 18:52

Acusado de tentar extorquir o ex-vereador Alceu Bueno usando imagens gravadas por duas meninas, que tiveram encontros sexuais com ele e com Sergio Assis, o empresário Fabiano Otero afirmou que está sendo ameaçado de morte. O advogado do suspeito, Amilton Ferreira de Almeida, apontou que as ameaças estão sendo feitas via telefone, durante a prisão domiciliar.

O advogado relatou que além de Otero, a irmã e a sobrinha do acusado receberam as ameaças por telefone, após delação premiada, onde ele apontou o nome dos gerenciadores e do empresário José Carlos Lopes, dono do Frigorífico Frigolop, sendo beneficiado com a prisão domiciliar. O advogado não soube detalhar o teor das ligações.

No mês passado, o empresário prestou depoimento na fase de instrução criminal, tendo sido conduzido de forma coercitiva, com escolta policial até o Fórum. Todo o processo corre em segredo de justiça. O empresário nega participação no esquema e se diz vítima de armação.

Dos quatro presos no crime envolvendo Alceu Bueno, somente Luciano Roberto Pageu teve o habeas corpus negado.

Esquema - O caso começou a ser desvendado a partir de um Boletim de Ocorrência, registrado pela mãe de uma das adolescentes, em Coxim. A menor foi encontrada, dia 23 de março, na casa de Fabiano, com outra menina de 15 anos, que revelou o esquema a uma conselheira tutelar.

Segundo a adolescente, ela saiu com o Alceu Bueno dias 21 e 22 de março. O encontro foi orquestrado por Fabiano e Luciano Roberto Pageu, dono da empresa Grupo Altar, responsável por organizar eventos religiosos. Justamente por ser proprietário da empresa, Pageu tinha contatos de políticos e outros empresários. Com a agenda em mãos, via WhatsApp, Fabiano supostamente se fazia passar pelas adolescentes e marcava os encontros.

Pageu foi preso no 22 de abril, juntamente com o ex-vereador Robson Martins, no momento em que recebiam R$ 15 mil de Alceu no estacionamento de um supermercado. O próprio vereador denunciou a extorsão à polícia. Informações apontam que ele já teria pago aos dois aproximadamente R$ 100 mil.

Fabiano e Luciano teriam intermediado o encontro sexual que foi gravado. De posse das imagens, o grupo passou a extorquir o vereador para que o caso não se tornasse público. Cansado das chantagens e alegando inocência, Bueno denunciou às autoridades que prenderam Robson e Luciano enquanto eles recebiam R$ 15 mil junto ao vereador. Informações da polícia apontam que antes, a dupla já havia faturado cerca de R$ 100 mil com o esquema .

O ex-vereador Alceu Bueno renunciou ao mandato para escapar da cassação. No início deste mês ele foi condenado a pena de oito anos e dois meses de reclusão e pagamento de multa, no processo em que foi acusado de compra de votos durante a eleição de 2012, que levou à cassação do seu mandato pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mesmo depois da renúncia.

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