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Capital

Após matar morador, família chamou amigos para conhecerem casa nova

O crime aconteceu na madrugada de sábado (2), na Rua Antônio Veloso, na Vila Nasser

Viviane Oliveira e Clayton Neves | 08/05/2020 11:52
Delegado Carlos Delano durante entrevista na manhã desta sexta-feira  (Foto: Hernique Kawaminami) 
Delegado Carlos Delano durante entrevista na manhã desta sexta-feira  (Foto: Hernique Kawaminami)

Depois de matar José Leonel Santos, 61 anos, com golpe de ferro na cabeça, Cleber de Souza Carvalho, 43 anos, contou com a ajuda da filha, Yasmin Natasha Gonçalves Carvalho, 19 anos, para arrastar o corpo e enterrar no fundo da casa. O crime aconteceu na madrugada de sábado (2), na Rua Antônio Veloso, na Vila Nasser, em Campo Grande.

Após o crime, no dia seguinte, pai, mãe, Roselaine Tavares Gonçalves, 40 anos, e filha se mudaram para a residência da vítima. No domingo mesmo, a família chamou amigos e parentes para conhecerem a casa nova. Segundo o delegado da DEH (Delegacia de Homicídios), Carlos Delano, o caso tem características de crime premeditado. Mãe e filha já foram presas em flagrante por ocultação de cadáver. Cleber ainda está foragido. Já foi solicitada à Justiça a prisão de Yasmin e de Cleber por homicídio qualificado por motivo fútil.

Como aconteceu - Segundo depoimento de Yasmin à polícia, a família morava de aluguel e a mãe queria uma casa mais espaçosa com varanda. O casal, então, começou a procurar um imóvel até que encontrou a vítima que oferecia um imóvel para alugar com espaço no fundo. No mesmo terreno, funcionava a conveniência de José Leonel, atrás era a casa dele e no fundo havia uma edícula para aluguel.  Cleber chegou a ir conversar com a vítima sobre o aluguel da residência, mas achou caro e disse que voltava depois.

Policiais voltaram nesta manhã na casa onde ocorreu o crime (Foto: Henrique Kawaminami) 
Policiais voltaram nesta manhã na casa onde ocorreu o crime (Foto: Henrique Kawaminami)

Quando foi de sexta-feira para sábado, segundo depoimento de Yasmin, o pai a chamou para ir até o local matar o idoso para ficar com a casa dele. Ela relatou ainda que o pai escolheu José Leonel porque ele era idoso e aparentemente não tinha parentes próximos na cidade. Dessa forma, poderiam matá-lo sem que ninguém desse falta.

Assassinato - Segundo Yasmin, José Leonel dormia quando foi surpreendido. A vítima ainda tentou fugir, correu em direção a cozinha, mas acabou atingido com por uma barra de ferro desferida por Cleber e caiu no mesmo cômodo. Pai e filha, então, arrastaram o corpo para a varanda e deixaram embaixo da mesa. Enquanto isso, o pai cavou uma cova rasa e na sequência enterrou a vítima, no fundo do imóvel. Foi colocado cal no corpo para evitar que o cheiro se propagasse e chamasse a atenção da vizinhança.

Durante o sábado, a família passou o dia limpando a residência e no domingo fez a mudança. Eles chamaram amigos e parentes para comemorar a casa nova. Segundo a polícia, os parentes não sabiam do crime.

Descoberta - As investigações começaram na manhã de ontem (7), quando a irmã de José registrou o desaparecimento dele. A mulher contou que havia sido acionada por outro irmão que mora na Bahia e havia sentido falta da vítima. Os dois, segundo depoimento do irmão, conversavam todos os dias por mensagens no WhatsApp com textos longos.

Desde, então, mandava mensagem e era respondido com mensagens curtas e palavras abreviadas, situação que chamou atenção. Era a família que respondia as mensagens para não levantar suspeita, segundo a polícia. Ao ir à casa de José Leonel, a irmã encontrou pessoas estranhas morando na residência, com o carro da vítima ainda na garagem.

Prisão - Os investigadores foram até a casa da vítima e encontrou apenas Yasmin. O casal estava trabalhando. A suspeita, então, tentou contar uma história, mas caiu em contradição várias vezes. Ela ligou para os pais enquanto os policiais aguardavam. Depois de muito tempo, apenas Roselaine chegou. Cleber não apareceu. As duas foram levadas para a delegacia e lá a mulher confessou que o marido havia matado a vítima e enterrado o corpo no quintal. Até o cachorro de José Leonel foi tirado do imóvel e levado para a casa antiga da família. Pai, mãe e filha não tinham passagem pela polícia.

Investigador no local onde o corpo da vítima foi enterrada em cova rasa (Foto: Henrique Kawaminami) 
Investigador no local onde o corpo da vítima foi enterrada em cova rasa (Foto: Henrique Kawaminami)


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