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Capital

Após reclamações, feirantes alegam que é papel da Prefeitura fazer fiscalização

Inaugurada em 2022, o evento realizado no Carandá Bosque atrai uma média de 20 mil visitantes em cada edição

Por Mylena Fraiha | 18/09/2023 14:06
Movimentação de pessoas na feira que ocorre todo terceiro domingo do mês, no bairro Carandá Bosque (Foto: Paulo Francis)
Movimentação de pessoas na feira que ocorre todo terceiro domingo do mês, no bairro Carandá Bosque (Foto: Paulo Francis)

No terceiro domingo de cada mês, o bairro Carandá Bosque, em Campo Grande, recebe a Feira do Bosque da Paz. O evento se tornou uma tradição na região, mas nos últimos dias tem gerado controvérsias entre expositores e alguns moradores do bairro. Uma das principais queixas dos moradores é sobre os veículos estacionados em locais proibidos, além da sujeira após o evento.

Em contrapartida, para os expositores, a Feira do Bosque da Paz é uma fonte de renda essencial. Uma das expositoras, Ivanilde Prado, destaca a contribuição da feira para a comunidade e para as famílias. "Quantas famílias esta feira ajuda? Quantas pessoas levam o sustento para casa? Deixem o pessoal trabalhar", afirma.

Os expositores também ressaltam que a feira não deixa sujeira, porque a organização disponibiliza lixeiras no evento. “Lá não fica sujeira, porque as responsáveis colocam lixeiras e no final de cada feira, o lixo é retirado”, explica Ivanilde.

Inaugurada em agosto de 2022, a Feira do Bosque tem sido realizada uma vez por mês e movimentado R$ 7,2 milhões e beneficiado 550 expositores de artesanato, moda autoral, antiguidades, gastronomia e uma gama diversificada de atrações culturais.

Uma dessas expositoras é Telma Nogueira, que faz um apelo por empatia por parte dos moradores. "Fazemos nossa parte, mas acho que deveria haver mais empatia da parte dos moradores. A feira acontece apenas 11 dias no ano, e nós dependemos dela. Em todo lugar do Brasil existem feiras; será que Campo Grande é diferente?", desabafa Telma.

A expositora Bruna Caruso reforça que os problemas citados são responsabilidade da Prefeitura. "Acredito que falta apoio do poder público. Inclusive, os carros que estacionaram em lugares proibidos devem ser punidos, mas a organização da feira não tem como multar e guinchar esses veículos. É necessário que o poder público faça o seu papel em garantir que quem estacionou de forma irregular seja punido".

Bruna também reforça que a Feira do Bosque da Paz tem sido uma alternativa para o comércio na cidade, já que atrai cerca de uma média de 20 mil visitantes em cada edição. “A feira é o local em que mais comercializamos, é a oportunidade em garantir o sustento e vender nossos produtos, já que o comércio de Campo Grande vem há anos decaindo”.

Reclamações - Apesar de ser realizada uma vez por mês, moradores do Carandá Bosque estão indignados com a ousadia de motoristas. Conforme noticiado pelo Campo Grande News, alguns visitantes da feita têm estacionado em locais proibidos e até mesmo em frente às garagens das casas para não terem que andar muito até chegarem à Feira do Bosque da Paz.

Carro estacionado em frente a garagem no bairro Carandá Bosque. (Foto: Direto das Ruas)
Carro estacionado em frente a garagem no bairro Carandá Bosque. (Foto: Direto das Ruas)

Para o morador da região, João Pedro Oliveira, a feira tem atrapalhado a circulação de carros. “Uma moça bateu o carro tentando manobrar para desviar da feira. Só fica sujeira no bosque, carros que estacionam nas garagens, sujeira que fica na frente das casas”, reclama.

Insatisfeito com a situação, o morador também pede uma fiscalização mais rigorosa por parte do poder público. “Se for pra ter essa feira deveria ter alguma regulamentação, igual qualquer comércio. Preciso de ter respeito a vigilância sanitária, limpeza do local, organizar carros estacionados e trânsito. Só tem causado problema pros moradores da região”.

Medidas - De acordo com uma das organizadoras da Feira do Bosque da Paz, Carina Zamboni, o problema de estacionamento não é recente. Em setembro de 2022, a coordenação da feira teve uma reunião com a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), na qual foi solicitada uma fiscalização no local.

Pedimos ajuda no trânsito, porque desde a primeira edição a feira já mostrou que teria um grande fluxo”, explica Carina.

Segundo Carina, em um primeiro momento, a Prefeitura afirmou que não tinham efetivo disponível para deslocar até o local do evento, mas concordaram em permitir o fechamento de três ruas próximas à praça e fornecer cavaletes em comodato. Entretanto, a medida não foi bem recebida pelos moradores locais. “Alegaram que prejudicava o direito de ir e vir”, pontua a organizadora da feira.

Diante das crescentes preocupações da comunidade local, uma nova reunião foi realizada em agosto de 2023, com a participação de representantes da Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo), da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), da Agetran, da Guarda Municipal e do gabinete da prefeita.

Nessa reunião, Carina explica que várias mudanças foram propostas e implementadas. Segundo ela, o meio fio da praça central foi pintado de amarelo, para melhorar a visibilidade e a segurança no local.

Além disso, as ruas próximas à praça não ficam mais fechadas para o trânsito, com exceção da Rua Mário de Andrade, após o portão do clube, onde não há moradores. Na Rua das Folhagens, apenas 16 food trucks foram permitidos, intercalados nas garagens, a fim de manter um melhor fluxo do trânsito.

A organização do evento também passou a orientar regularmente os expositores a não estacionarem ao redor da praça e no portão dos vizinhos. “Também em nossas redes sociais incentivamos que os visitantes vão de carros de aplicativos. Fizemos tudo que nos foi pedido, com a promessa de que teríamos agentes fazendo fiscalização e organização do trânsito, porém não foi isso que aconteceu", explica Carina.

Sobre a sujeira após o evento, a Carina explica que a organização solicitou à Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) a disponibilização de contêineres de lixo, mas que não tiveram resposta.

Ela reforça que os feirantes e a comissão organizadora faz a limpeza do local. "Temos uma equipe que fica durante todo o evento fazendo limpeza do local. Ao final da feira todos os sacos de lixo ficam reunidos em locais pré-determinados pela Solurb".

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura para saber se há alguma possibilidade de reforçar a fiscalização do trânsito na região durante a realização do evento. Entretanto, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta. O espaço segue aberto.

[**] Matéria editada às 17h25 do dia 18 de setembro de 2023 para acréscimo de informações. 

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