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Capital

Ativista lamenta falhas em rede de proteção: “Sophia foi levada 31 vezes à UPA”

Fórum para defender direitos de mulheres e crianças foi criado após morte de menina

Por Aline dos Santos e Bruna Marques | 04/12/2024 08:46
Maria Cristina estende faixa em frente ao Tribunal do Júri de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Maria Cristina estende faixa em frente ao Tribunal do Júri de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Ativista pelos direitos de mulheres e crianças, a advogada Maria Cristina Ataíde reforça que a morte da menina Sophia de Jesus Ocampo, aos dois anos, escancarou falhas na rede de proteção.

RESUMO

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A advogada e ativista Maria Cristina Ataíde protesta contra a morte da menina Sophia, de 2 anos, em Campo Grande, MS, decorrente de falhas na rede de proteção à criança. Sophia foi levada 31 vezes à UPA antes de morrer, apesar de denúncias ao Conselho Tutelar, Delegacia da Criança, Defensoria Pública, Ministério Público e Justiça. Maria Cristina, coordenadora do MCria, lançou um abaixo-assinado com o objetivo de alcançar 5 mil assinaturas para pressionar órgãos a relatarem mudanças nos protocolos de atendimento e investigar as omissões que levaram à morte da menina. A mãe e o padrasto de Sophia serão julgados pelo crime.

“A Sophia foi levada 31 vezes para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento], numa escalada de violência. Esse pai fez uma via-crúcis: Conselho Tutelar, Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente, Defensoria Pública, Ministério Público e Justiça. Todo mundo falhou. Então, nós estamos promovendo um movimento com abaixo-assinado digital. Só ontem, foram 600 assinaturas”, afirma a advogada.

Maria Cristina é da coordenação do MCria – Fórum Permanente pela Vida das Mulheres e Crianças de Mato Grosso do Sul. O movimento foi criado em 2023, após a trágica morte da menina e omissões nos atendimentos prestados por diversos órgãos da rede de proteção.

A meta do abaixo-assinado (clique aqui) é recolher cinco mil assinaturas. O objetivo é que órgãos informem o que foi mudado para fortalecer o atendimento.

“A gente continua lutando desde aquela época para ter protocolos de atendimento em casos como esse. O que manda a lei? Apareceu uma criança na UPA, no Conselho Tutelar. Imediatamente vai até ao local. Se a criança estiver em risco, tira daquela situação. O que não fizeram. Vamos pegar a assinatura das pessoas que nos ajudem a levar uma notícia-crime para o Ministério Público investigar o que mudou nesses protocolos de atendimento. E o que foi feito com a pessoa daquele órgão que falhou em não atender”, destaca Maria Cristina.

A advogada levou faixa ao Tribunal do Júri de Campo Grande, mas o protesto só pôde ser feito do lado de fora, manifestações como cartazes e camisetas foram vetadas.

Vão a julgamento Stephanie de Jesus da Silva, de 26 anos, mãe da menina; e o padrasto Christian Campoçano Leitheim, de 27 anos.

Morte de Sophia - Na tarde do dia 26 de janeiro de 2023, a menina deu entrada na UPA Coronel Antonino já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

O atestado de óbito apontou que a garotinha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen, sinal de que sofreu violência sexual.

Para a investigação policial e o MP, Sophia foi espancada até a morte pelo padrasto, depois de uma vida recebendo “castigos” físicos.

O padrasto será julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e praticado contra menor de 14 anos. Ainda responderá por estupro de vulnerável. Já a mãe será julgada por homicídio doloso por omissão.

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