Atraindo desgraças, histórico do “Buracão” só não teve ainda desova de corpo
Algum problema ou história interessante no seu bairro? Entre em contato pelo 67 99669 9563 e conte ao Campo Grande News
Assalto, tiroteio, esfaqueamento e lixo que parece já ser parte do espaço constroem o clima sinistro do “Buracão” no Jardim das Perdizes. Como se fosse um imã de desgraças, a cratera, na lateral da Rua Ênio Cunha, aumenta a fama após cada ocorrência que é registrada por ali.
Consegue imaginar alguma situação parecida no seu bairro? Você também pode enviar uma sugestão de pauta. Confira matérias de outros bairros clicando nos ícones do Campo Grande News indicados no mapa abaixo.
Simbologia ruim - Voltando atenção para a rua na última quinta-feira (24), um motorista de caminhão baú foi baleado ao ser vítima do golpe do falso frete ao lado da cratera. Vizinha do Buracão há 26 anos, Márcia Diniz, de 58 anos, conta que situações estranhas deixaram de ser novidade há um bom tempo.
Já teve de tudo, a única coisa que falta a gente ver é corpo sendo jogado ali dentro. Carro roubado e queimado ali do lado, gente assassinada, tudo mesmo. Desde sempre a rua é desse jeito e tem essa fama.
Depois de pensar sobre o último crime, Márcia diz que a situação despertou revolta mais uma vez. “A violência é muito forte, eu nem tenho coragem de sair com bolsa na rua porque é perigoso. Meu filho já foi assaltado duas vezes e é normal ouvir esse tipo de relato”.
Entre medo e costume, Márcia explica que existe uma linha fina que separa as duas sensações sobre morar na Ênio Cunha.
“Às vezes dá para esquecer que é tão intenso e acho bom viver aqui. Por outro lado, de noite eu não vou ali para o lado. Você vê tudo isso acontecendo e fica com medo de acontecer o pior. Uma morte, estupro, roubo, tudo isso”, diz.
Três anos depois que se tornou moradora do Jardim das Perdizes, prestadora de serviços gerais, que preferiu não se identificar, relembra o dia em que o caminhão com sua mudança desceu a Rua Ênio Cunha. Ela explica que conheceu a rua no dia porque um parente, que morava por ali, garantiu que o bairro era interessante.
Quando cheguei na esquina e vi a situação, comecei a chorar porque era muito pior do que está agora. Não sabia da fama do buraco e nem de nada que tinha por perto, foi um susto mesmo.
Na época, o maior medo de Márcia era que algo acontecesse com seus filhos. “Ficava pensando que eles podiam cair no buraco ou algo assim. Hoje já não tenho mais esse medo porque virou normal, já sabemos que é bom não ir por lá de noite e que precisamos tomar cuidado”.
Dentro do período em que mora no bairro, ela explica que o pior já visto foi o último acontecimento. “Eu estava aqui na área de casa quando escutei os barulhos de tiro, a única coisa que pensei foi em trancar o portão e ficar com as crianças para dentro. Agora o susto passou, mas a gente ainda fica esperto. Ali é feio demais, é coisa de não se aproximar mesmo”, conta.
Sobre o lixo que toma conta do buraco, a moradora diz que costuma ver até caminhão parando para depositar um pouco de tudo.
Você imagina que pelo bairro ser humildade, as pessoas daqui que iriam jogar, mas não é isso que acontece. Gente de fora vem e não tem dó. Colocam saco de lixo inteiro, comida, bicho morto. Já até tentei brigar, mas não adianta. A gente queria que desse um jeito porque é feio né, dá tristeza ver isso.
Questionada sobre o problema, a assessoria da Prefeitura de Campo Grande explicou que o descarte irregular de resíduos é crime ambiental. Caso seja flagrado, o cidadão irá responder pelo crime e será autuado administrativamente. A multa varia entre R$ 2.414,50 e 9.658. Denúncias devem ser feitas pelo 156 ou para a Guarda Civil Metropolitana pelo 153.
Ilustração do cenário - Relembradas pelas moradoras, três ocorrências exemplificam as sensações de medo e confusão nas proximidades do Buracão. Em 2009, um adolescente de 28 anos foi morto com seis tiros, que atingiram a região do tórax.
Identificado como Ronei Chaves da Silva, o rapaz andava pela rua quando foi assassinado. Na época, o delegado Fernando Nogueira relatou que o crime teria acontecido por desavença.
Um pouco mais recente, em 2019, o Corpo de Bombeiros Militar foi acionado para atender chamado de incêndio na Rua Ênio Cunha. Depois de atender a situação, encontraram um esfaqueado além do princípio de incêndio.
Já nesta quinta-feira (24), um motorista de caminhão foi vítima do golpe do falso frete. Ao chegar ao lado do Buracão, ele foi abordado pelos ladrões e acabou sendo atingido por tiros. O caso está sendo investigado pela Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos).
Tem sugestão? - Já pensou em alguma sugestão de matéria sobre o seu bairro? Entre em contato com o Campo Grande News pelo Direto das Ruas no número (67) 99669-9563 ou clicando aqui.