Barulho de suposto Centro Espírita gera revolta e incomoda moradores
O barulho que vem de um provável Centro Espírita tem incomodado, gerado reclamações, ligações à polícia e tirado o sono dos moradores do Jardim Samambaia, em Campo Grande. O local fica na esquina das ruas General Arthur Sother e Embaúbas.
Dos entrevistados ouvidos pela reportagem do Campo Grande News, ninguém, por medo de retaliação, aceitou mostrar o rosto, nem quem não se sente incomodado, mas os relatos e as reclamações são unânimes.
A maioria não questiona a crença dos frequentadores do possível Centro Espírita. Querem apenas que eles cumpram a Lei do Silêncio e respeitem a vizinhança, o que, segundo relatos, não vem acontecendo. “Aqui é um barulho que ninguém aguenta. O negócio começa às 15h e vai até às 5h da manhã. ”, disse uma moradora, que reside no bairro, próximo ao local, há 7 anos.
Segundo ela, às quartas-feiras, o movimento começa no meio da tarde e passa das 10h. Aos sábados, começa por volta das 15h e só termina no amanhecer do dia, perto das 5h de domingo. “É batuque de tambor, grito e cantoria. O barulho parece que está dentro do nosso quarto. Não conseguimos descansar por causa disso”, comentou.
O marido confirma e ressalta que a crença alheia não o incomoda, mas pede sensatez e educação. “Se fizessem isso até umas 10h e parassem, tudo bem, mas é a noite toda”, contou. A esposa, revolta, coloca “fogo na fogueira”. “Dizem que, quando é altas horas da noite, todo mundo fica nu aí dentro”, disse.
A declaração tem tom de especulação, mas outra vizinha garante que a informação é verdadeira, apesar de ter sido um fato isolado que ela diz ter presenciado com os “próprios olhos”. “Fiquei escandalizada. Era de manhã. A música estava bem alta, com letra bem pesada. Comecei a ver eles com péssimos olhos depois disso, porque vi que não era só um culto”, afirmou, do dizer que ela é evangélica, tem a prática de promover encontros religiosos em casa, mas sempre se preocupa com os excessos e evita invadir o território alheio.
“A gente gostaria de ter uma boa convivência. Aqui em casa não praticamos isso, mas respeitamos e eles não respeitam”, declarou, ao comentar que, aos finais de semana, costuma receber amigos em casa, mas, às vezes, não consegue nem conversar, tamanho barulho.
Fora o barulho, há relatos de “trabalhos” deixados na esquina, na entrada da casa, onde funciona o suposto Centro, e sacrifício de animais. “Já mataram galinha e jogaram o sangue na entrada, deixaram vela acesa no portão. Já vi entrando até com pombo”, comentou um adolescente. A moradora, que garante ter visto a orgia, também faz menção a isso e ressalta: “Eles fazem, sim, sacrifício de animais”.
Apesar de a maioria reclamar, há quem não se sente incomodado. É o caso do aposentado Pedro Roque da Silva, 83 anos, que mora em uma kitnet bem em frente à residência que é alvo de polêmica. “Tem gente que se incomoda, eu não, porque eles fazem isso só aos sábados e, às vezes, nas quartas”, comentou.
Mas a reclamação, disse, tem fundamento. “As pessoas que se incomodam estão certas porque tem gente que trabalha cedo. Acho que deveriam fazer isso até umas 22h”, concluiu.
O Campo Grande News procurou os responsáveis pela casa onde funciona o suposto Centro Espírita, mas ninguém estava no local para atender a reportagem.