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Capital

Bigolin arrecada mais R$ 10 milhões em leilão e vai pagar trabalhadores

Grupo teve falência decretada pela Justiça e previsão é de calote para bancos e governo

Aline dos Santos | 08/08/2022 10:30
Bigolin estava em processo de recuperação judicial desde fevereiro de 2016. (Foto: Henrique Kawaminami)
Bigolin estava em processo de recuperação judicial desde fevereiro de 2016. (Foto: Henrique Kawaminami)

Realizado entre 24 de junho e 27 de julho, o segundo leilão de bens da Bigolin arrecadou R$ 10.091.502,00, sendo o lote de maior valor a loja localizada na Rua 13 de Maio, em Campo Grande. Ao todo, os dois certames somaram R$ 29.958.880,80. Primeiro, uma parte do dinheiro foi destinada ao pagamento dos créditos extraconcursais (R$ 4 milhões). O próximo passo é quitar créditos trabalhistas até a primeira quinzena de setembro.

Contudo, como a dívida total da empresa que teve falência decretada pela Justiça deve superar R$ 100 milhões, é dado como certo um calote de no mínimo R$ 60 milhões, que deve abarcar bancos (garantia real), administração pública (tributário) e quirografário (credor que não possui um direito real de garantia).

De acordo com José Eduardo Chemin Cury, da administradora judicial Pradebon e Cury Advogados Associados, os pagamentos começaram com os extraconcursais, que inclui despesas da falência, como funcionários, alarme, energia e tributos.

A fila de pagamentos vai prosseguir com os créditos trabalhistas. A administradora judicial anexou lista ao processo, num total de R$ 10 milhões de quem já teve o valor do débito reconhecido.

Nesta semana, de hoje até sexta-feira (dia 12), acontece mutirão de conciliação na Justiça do Trabalho para tentar acordos com desconto de até 30%. Ou seja, se num caso hipotético a pessoa cobra R$ 10 mil, vai receber R$ 7 mil se anuir com a proposta de acordo.

“Referido desconto é bastante benéfico à massa falida, tendo em vista que a grande maioria das reclamatórias é de verbas rescisórias que não foram pagas aos trabalhadores. Além disso, o encerramento das demandas reduzirá os custos com advogado, preposto e demais despesas da justiça laboral”, informou o administrador à Vara de Falências de Campo Grande.

Esses valores ainda em impasse na Justiça do Trabalho totalizam R$ 242mil. Quando se esgotar os R$ 29 milhões arrecadados com os leilões, vai restar o calote, diante de uma dívida calculada em R$ 100 milhões.

“A falência é ruim para todo mundo, porque tira a empresa do mercado. A Bigolin já estava trabalhando em déficit e a conta só aumentou. A empresa se recuperar é sempre melhor”, afirma José Eduardo.

No segundo leilão, foi vendido o imóvel da Rua 13 de Maio, arrematado por R$ 9,3 milhões. A loja foi avaliada em R$ 14 milhões. Também foram arrematados terrenos, mas um dos compradores pediu à Justiça para o negócio ser desfeito diante de erro de localização e pela área estar ocupada. A Justiça ainda não se manifestou sobre o pedido. Conforme a administradora judicial, o comprador “desistiu de desistir” e vai pedir imissão na posse.

Histórico – O Grupo Bigolin entrou com pedido de recuperação judicial em 11 de fevereiro de 2016. A justificativa foi o aumento da concorrência, que resultou na redução dos preços, investimento pesado em merchandising e redução de projetos de moradia, como o programa Minha Casa, Minha Vida.

Naquela ocasião, a empresa informou que tinha dívidas de R$ 54 milhões. Neste cenário, a Bigolin recorreu a empréstimos em instituições financeiras. A recuperação judicial, medida que cria um plano de ação para evitar a falência, foi deferida em 17 de março de 2016.

Três anos depois, em 2019, a Justiça decretou a falência diante da piora da situação financeira. A decisão foi revista pelo TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Em agosto do ano passado, a Bigolin teve falência decretada pela segunda vez.

A reportagem entrou em contato com a defesa da Bigolin e aguarda retorno.

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