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Capital

Carrasco de esposa por 22 anos, pedreiro morreu de infarto aos 69 anos

Crime cometido por Ângelo da Guarda Borges contra a família no Aero Rancho causou comoção nacional

Por Silvia Frias | 01/11/2024 08:51
A história de dona Cira (esquerda) causou comoção nacional e o marido, Ângelo (direita) foi condenado pelos crimes (Foto/Arquivo)
A história de dona Cira (esquerda) causou comoção nacional e o marido, Ângelo (direita) foi condenado pelos crimes (Foto/Arquivo)

O pedreiro Ângelo da Guarda Borges, 69 anos, morreu esta semana, de infarto, no Hospital Regional de Campo Grande. O nome dele ficou nacionalmente conhecido em dezembro de 2013, quando veio à tona o crime que cometeu contra a mulher, Cira Igino da Silva, mantida em cárcere e vítima de inúmeras agressões por 22 anos.

A morte foi confirmada pelo filho do casal, Zaqueu Borges, 25 anos, que esta manhã (1º) ainda está lidando com a burocracia para liberação do corpo, que está no Hospital Regional. Segundo ele, o pai morreu na última quarta-feira (30).

Zaqueu mantinha pouco contato com o pai. “Ele lá, eu cá”, resumiu. A última vez que o encontrou foi em meados de agosto. Ângelo morava sozinho no Aero Rancho, na mesma casa onde manteve a mulher e os filhos em condições de cárcere.

RESUMO

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Ângelo da Guarda Borges, um pedreiro de 69 anos, faleceu recentemente devido a um infarto no Hospital Regional de Campo Grande. Ele ganhou notoriedade em 2013 após ser revelado que manteve sua esposa, Cira Igino da Silva, em cárcere por 22 anos, durante os quais sofreu diversas agressões. O caso chocou o país e resultou na condenação de Ângelo por crimes de violência doméstica. Após a morte de Cira em 2015, ele foi condenado a pagar uma indenização de R$ 100 mil, que nunca foi recebida pelos filhos, pois Ângelo alegou não ter condições financeiras. A história da família é marcada por um ciclo de violência e controle extremo, levando a um quadro descrito como “síndrome da mulher espancada”.

As barbáries vieram à tona em 18 de dezembro de 2013, após a denúncia feita por uma agente de saúde que visitou a casa e descobriu a situação desumana. O crime causou comoção nacional e Cira chegou a tomar café com Ana Maria Braga, no programa gravado no Rio de Janeiro, onde conheceu a praia. Ela usufruiu da liberdade até abril de 2015, quando morreu por complicações de câncer.

Em junho de 2014, o pedreiro foi condenado por crimes de lesão corporal, constrangimento ilegal e ameaça, em processo que tramitou na 2ª Vara de Violência Doméstica de Campo Grande. O pedreiro foi preso logo que os crimes foram descobertos, em dezembro de 2013. No dia 19 de fevereiro de 2015 saiu em liberdade condicional.

Porém, no mesmo ano, o pedreiro foi condenado pela 7ª Vara Criminal nos delitos de maus tratos e de constrangimento ilegal em relação a seus quatro filhos. Foi preso no dia 6 de outubro de 2016, e colocado em liberdade em maio de 2017.

Livre do cárcere, dona Cira conheceu a praia, em visita ao Rio de Janeiro (Foto/Arquivo familiar)
Livre do cárcere, dona Cira conheceu a praia, em visita ao Rio de Janeiro (Foto/Arquivo familiar)

Em setembro de 2017, a Justiça determinou que ele pagasse indenização de R$ 100 mil à ex-mulher. Como ela morreu em abril de 2015, os valores deveriam ser pagos aos quatro filhos. Zaqueu disse que eles não receberam nada, pois Ângelo alegou que não tinha condições. A casa no Aero Rancho, onde a família viveu em cárcere por anos, ficou de herança para os irmãos.

História - Juntos desde 1991 e sofrendo violência praticamente desde o início do relacionamento, Cira era agredida física e emocionalmente.

A família era proibida de buscar qualquer atendimento médico, de manter contato com vizinhos e familiares, de forma que os menores sequer conheciam seus avós maternos. A situação de violência e subjugo era tamanha que se chegou a denominar o quadro como “síndrome da mulher espancada”, em que a violência é seguida de problemas emocionais, como distúrbios mentais e sintomas clínicos como gastrites, úlceras e dores musculares.

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