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Capital

Carreata cobra justiça por mulher transexual conhecida pela alegria e riso fácil

Manifestação aconteceu no mesmo horário em que vítima de estupro se preparava para mais uma cirurgia

Clayton Neves e Ana Beatriz Rodrigues | 02/07/2021 17:46
Fila de automóveis na saída da carreata, no Bairro Vila Sobrinho. (Foto: Paulo Francis)
Fila de automóveis na saída da carreata, no Bairro Vila Sobrinho. (Foto: Paulo Francis)

Na mesma hora em que a mulher trans estuprada por dois criminosos se preparava para enfrentar mais uma cirurgia, grupo de amigos e ativistas se organizava em carreata cobrando Justiça pelo crime brutal. Após roda de oração que emanou boas vibrações para o Hospital Universitário, onde ela segue internada há mais de uma semana os manifestantes percorreram ruas da Vila Sobrinho e seguiram até a Prefeitura.

Entre quem a conhece a mulher de 54 anos é conhecida pelo riso fácil e generosidade. Amigo há 1 ano, o subsecretário de políticas públicas para LGBTQIA+ de Mato Grosso do Sul, Leonardo Bastos, lembra que o perfil da vítima é marcado pela alegria contagiante e bondade. “Não importava o que fizessem, ela sempre estava com um sorriso no rosto”, pontua.

Grupo durante concentração da carreata que seguiu até a Prefeitura de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)
Grupo durante concentração da carreata que seguiu até a Prefeitura de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

Segundo ele, a manifestação organizada pelas redes sociais e grupos de WhatsApp, tem o objetivo de exigir punição para o crime, mas também, lembrar que quem sobre com a LGBTfobia tem onde encontrar refúgio. “Essas pessoas não estão sozinhas e não precisam ter vergonha ou se intimidar para denunciar qualquer tipo de preconceito que sofram”, relata.

No ato, uma carta da sobrinha da vítima, que está em Portugal, foi lida por um dos manifestantes. No texto, ela agradece a mobilização pela tia e fala da esperança de ter uma sociedade com menos violência e mais tolerância . Estamos hoje reunidos não somente em nome dela e sim de todas as vítimas de violência independentemente da orientação sexual. Ela foi vítima de um crime de ódio e não queremos que isto crie mais segregação, e sim transformar este ódio em vários atos de amor e compaixão”, disse.

Autônomo de 28 anos, amigo transsexual,fez questão de participar do protesto pela amiga que segundo ele, transparece bondade e luz. “Quando se fala nela, se fala em generosidade, alegria e acolhimento”, completa.

Segundo informou o Hospital Universitário, a vítima ainda segue sem previsão de alta. Ela precisou passar por um novo procedimento para retirada do abscesso e drenagem no local da cirurgia de reconstrução do reto.

Crime - A vítima foi sequestrada por dois homens por volta das 11 horas do dia 18 de junho, mês do orgulho LGBTQIA+. Eles estavam em um carro vermelho e a abordaram no bairro Vila Sobrinho. Encapuzada, a vítima foi levada até uma residência, onde ela foi agredida e obrigada a manter relações sexuais com um cachorro. Depois disso, os criminosos abandonaram  próximo ao Cemitério Santo Amaro.

O caso não foi denunciado porque a vítima teve vergonha de contar sobre o que havia acontecido. Só veio à tona uma semana depois porque a mulher trans contou para amigos próximos que estava com o lado do corpo totalmente paralisado. A situação era sequela da sessão de estupro.

A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) investiga e procura pelos bandidos que vão responder por sequestro qualificado, estupro coletivo, injúria racial e lesão corporal dolosa grave.

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