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Capital

Casal contou 3 versões, “nenhuma compatível” com lesões em bebê, diz polícia

Mãe e padrasto foram filmados deixando local onde investigação acredita que menino foi agredido

Por Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 01/02/2024 14:55
À direita, a delegada Nelly Macedo, responsável pela investigação, durante coletiva de imprensa nesta tarde (Foto: Paulo Francis)
À direita, a delegada Nelly Macedo, responsável pela investigação, durante coletiva de imprensa nesta tarde (Foto: Paulo Francis)

O casal preso por suspeita de agredir um bebê de 2 anos e 5 meses, que está em coma na Santa Casa de Campo Grande, contou três histórias diferentes para justificar o estado em que o menino estava quando acionaram socorro. Nenhuma delas, segundo a delegada Nelly Macedo, é compatível com as lesões que a criança apresenta.

Além das contradições, imagens de câmeras de seguranças e depoimentos de testemunhas levaram a polícia a crer que o casal agrediu o bebê, que deu entrada na Santa Casa no dia 23 de janeiro com traumatismo craniano e perda de massa encefálica, acúmulo de líquido e hematomas no abdômen, além de escoriações nas pernas. Por isso, os dois foram presos temporariamente nesta quinta-feira (1º).

A primeira história foi contada para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), a duas quadras da residência que o casal havia invadido para morar, no Jardim Colibri. Os dois deixaram o imóvel para acionar o socorro e naquele momento disseram que o bebê tinha se acidentado ali na rua.

Já no hospital, mãe relatou que o filho estava brincando com a irmã maior, de 4 anos, e havia caído de uma escadinha, de acesso da cozinha para a área externa da casa. Foi a médica pediatra que fez os primeiros atendimentos que acionou a PM (Polícia Militar), informando que as lesões no corpo do pacientezinho não eram compatíveis com as de uma queda.

Para os policiais militares, a jovem de 19 anos manteve o relato feito aos médicos e garantiu que estava sozinha com os filhos quando o “acidente” aconteceu. A moça foi intimada a depor na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) e sumiu.

Na segunda-feira (29), após ser encontrada, a jovem manteve a versão de queda dos degraus na cozinha. Mas, com o passar dos dias, a polícia descobriu que ela não estava sozinha com os filhos. Dados do celular do padrasto da criança, de 24 anos, o colocam na casa onde a polícia acredita ter acontecido o crime.

Bebê está internado na Santa Casa de Campo Grande desde 23 de janeiro (Foto: Direto das ruas)
Bebê está internado na Santa Casa de Campo Grande desde 23 de janeiro (Foto: Direto das ruas)

A última história contada pelos suspeitos é a de que o bebê caiu de cima de um muro, numa das vezes que precisaram pular o obstáculo para entrar na residência invadida. “Eles vivem em situação de rua, invadem casas para passar as noites alguns dias, moraram numa Kombi abandonada. O último endereço era esse no Jardim Colibri”, detalhou a delegada.

Além dos dados de rastreio extraídos do celular do padrasto, a polícia encontrou imagens de câmera de segurança que mostram o casal indo até o local onde pararam para acionar o socorro médico. “Toda a dinâmica do crime foi dentro da residência, saíram e foram até duas ruas acima para acionar o socorro”, detalha a delegada.

A delegada afirma que mãe e padrasto “foram mudando as versões até que não sobrou para eles versão compatível para o que a criança apresenta”, mas não confessaram o crime. Sem explicar como, os dois falam em acidente.

Embora não tenha conseguido entender quem praticou que tipo de violência contra a criança, para a investigação, o menino foi espancado pelos dois ou por um dos dois com a conivência do outro. Ainda há laudos periciais a serem concluídos, mas a mãe e padrasto serão indiciados. “Concluímos pelo homicídio tentado e não há dúvida que os dois são responsáveis por essa violência”.

Prisão – Na manhã desta quinta-feira (1º), a mãe e o padrasto do bebê foram presos por tentativa de homicídio. O mandado de prisão expedido é temporário, com duração de 30 dias.

Nesta quarta-feira (31), a avó materna do menino foi avisada pelos médicos sobre o protocolo de morte encefálica, o segundo aberto desde a entrada do bebê. O primeiro, finalizado no início desta semana, foi inconclusivo. O bebê teve mais uma chance, mas não reagiu, conta a avó. A morte é dada como certa, lamentou a mulher de 44 anos.

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