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Capital

Padrasto nega que estava com bebê, mas rastreio no celular aponta contradição

Mãe e padrasto foram presos por tentativa de homicídio; bebê passa por protocolo de morte encefálica

Por Dayene Paz | 01/02/2024 11:31
Momento em que suspeito sai da viatura já na DEPCA. (Foto: Alex Machado)
Momento em que suspeito sai da viatura já na DEPCA. (Foto: Alex Machado)

O padrasto suspeito de tentativa de homicídio contra o enteado de 2 anos de idade prestou depoimento à polícia, nesta quarta-feira (31), ocasião em que negou estar na companhia da esposa e do bebê no momento da suposta queda que o menino sofreu. Contudo, o celular dele aponta que estava no bairro no momento que o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) fez o socorro. Em estado gravíssimo, a criança não tem chance de sobreviver.

O bebê deu entrada na Santa Casa de Campo Grande no dia 23 de janeiro e os detalhes vistos pela equipe médica levantaram alerta, sendo a polícia comunicada. Não se tratava de uma simples queda de escada. Exames clínicos constataram lesões no pulmão, acúmulo de líquido e hematoma no abdômen, além de escoriações nos membros inferiores.

Em depoimento na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), o padrasto contou detalhes que antecederam a suposta queda da criança e alegou que não estava com a mãe do menino no momento, mas entrou em contradição. Mãe e padrasto negam qualquer agressão, mas, nesta quinta-feira (1º), a polícia prendeu o casal por tentativa de homicídio.

Versão - O homem, de 24 anos, contou que se relacionou por quatro meses com a mãe do menino e moraram juntos por dois meses. O casal estava separado há três semanas, após, segundo ele, descobrir uma traição da companheira. Contudo, mantinha contato com ela e a mãe dela.

No relato, descreve que a mãe do garotinho sempre tinha desavenças na rua e aparecia machucada em casa. Também afirma que já viu ela batendo com vara nos filhos, o bebê e a irmã de 4 anos, mas não era com frequência.

A contradição do depoimento do padrasto começou quando ele falou que não estava com a companheira no momento da suposta queda do bebê. Inicialmente, disse que passou o dia com a mãe, entre as 7h e 17h, para procurar emprego. Só foi informado sobre o acidente do bebê por volta das 14h, quando a mãe do bebê ligou relatando o ocorrido. Nesse dia, afirma que estava na casa de um conhecido, no Bairro Coophasul.

Mas ele foi colocado contra a parede. Duas testemunhas o reconheceram por foto como sendo o homem que estava no local com a mãe das crianças quando o Samu chegou para prestar socorro. Mesmo assim, o padrasto continuou negando estar no local.

Mais uma informação da polícia o confrontou: o celular dele apontava localização no Bairro Colibri, mesmo local onde o Samu fez o atendimento ao garotinho. Pressionado, repassou outro relato. Disse, então, que no dia dos fatos estava na praça do Bairro Alves Pereira, quando recebeu ligação da mãe do bebê contando sobre o acidente.

O padrasto alegou que foi ao encontro dela e deu o celular para que chamasse o socorro. Segundo o padrasto, a mãe estava com o filho no colo "desfalecido e com espasmos". O homem disse que não viu sangue e então acreditou que o bebê estava com uma crise de epilepsia. Ele então segurou o bebê enquanto a mãe acionava o Samu e depois fugiu com medo de ser preso, pois responde a um processo de violência doméstica.

Ainda, revelou que após a mãe do bebê prestar depoimento à polícia, nesta segunda-feira (29), ela ligou para o companheiro e disse que iria ser presa. Ainda pediu que ele apagasse as mensagens que trocaram.

Prisão - Na manhã desta quinta-feira (1º), a mãe e o padrasto do bebê foram presos por tentativa de homicídio. O mandado de prisão expedido é temporário, ou seja, com data prevista para terminar. Contudo, o período de prisão não foi informado pela DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), que investiga o caso.

Nesta quarta-feira (31), a avó foi avisada pelos médicos sobre o protocolo de morte encefálica, o segundo aberto desde a entrada do bebê. O primeiro, finalizado no início desta semana, foi inconclusivo. O bebê teve mais uma chance, mas não reagiu, conta a avó. A morte é dada como certa, lamentou a mulher de 44 anos.

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