Com 22 irregularidades, HU fecha a radioterapia mais uma vez
Mais uma vez o setor de radioterapia do Hospital Universitário de Campo Grande fecha as portas e suspende o atendimento por tempo indefinido. A determinação chegou na quinta-feira passada, dia 6, apontando 22 irregularidades, e foi anunciada hoje, em coletivo de imprensa.
Segundo o diretor do hospital, o médico Claudio Wanderley Luz Saab, a carta enviada pela Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) obriga o fechamento imediato do setor.
Dentre as irregularidades apontadas pela Cnen, o diretor do hospital ressaltou a falta de registro de um dos médicos do setor e a adaptação da sala de radioterapia, com adequações no funcionamento.
A radioterapia do HU foi desativada pela primeira vez em 2005 e tinha voltado a funcionar recentemente, em abril deste ano, com ordem do Ministério Público Federal. O diretor afirma que já comunicou o MPF sobre a ordem de fechamento do setor.
Neste período, 26 pessoas passaram por consultas a avaliações, das quais cinco iniciaram o tratamento de câncer de pele e outras três foram atendidas no aparelho de cobaltoterapia.
Na fila de espera do HU, 18 pessoas aguardavam vaga para começar o tratamento. O hospital enviou um comunicado à Central de Regulação para redistribuir os pacientes.
O vice-reitor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), João Ricardo Filgueira Tognini, relembrou a saga da radioterapia do Hospital Universitário, entre idas e vindas do setor.
Ele destacou que em 2006, o setor foi fechado pela Vigilância Sanitária porque a radiação estava atingindo terceiros. No mesmo ano, o hospital teve que trocar a pastilha do equipamento, que só tinha no Canadá, mas não foi possível a importação porque a peça não podia passar no espaço aéreo dos Estados Unidos. A solução, segundo o vice-reitor, foi emprestar do INCA (Instituto Nacional do Câncer).
O dilema prosseguiu em 2009, quando, após uma avaliação, o CIB (Conselho Intergetores Bipartites) autorizou que os pacientes fossem encaminhados ao Hospital Regional.
Filgueira criticou a cobaltoterapia, alegando que é uma técnica ultrapassada e que atinge também no entorno do tumor, quando o ideal é que seja mais direto. “Hoje, com aparelhos de aceleração linear é possível que a radioterapia atinja só no ponto do tumor”, explica.
O vice-reitor lembrou que o Cobalto, uma tecnologia da década de 1980 e que está ultrapassada, é usado somente no Acre e no Mato Grosso do Sul.