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Capital

Com 500 filiados, sindicato reúne 20 e anuncia greve no transporte coletivo

Com assembleia esvaziada, minoria ameaça parar ônibus na Capital

Aline dos Santos e Mirian Machado | 03/01/2022 09:57
Passageira embarca em ônibus na região central da Capital. (Foto: Arquivo)
Passageira embarca em ônibus na região central da Capital. (Foto: Arquivo)

Os ônibus do transporte público podem parar a partir de sexta-feira (dia 7) em Campo Grande. A greve foi aprovada em assembleia realizada pelos motoristas na manhã de hoje, reunindo 20 pessoas na sede do sindicato, que representa os 500 trabalhadores filiados. A categoria, entre motoristas e administrativos, reúne um contingente de mil trabalhadores na Capital.

Atualmente, a diretoria do sindicato conta com 40 pessoas, mas somente três participaram da assembleia e os demais tratavam-se de funcionários. A categoria decidiu que somente 30% dos cerca de mil funcionários vão continuar trabalhando, mas apenas para atender os trabalhadores da saúde, enquanto 70%, entre motoristas e outras funções, ficarão com braços cruzados.

A decisão foi tomada em segunda convocação com o número de presentes, já que em primeira convocação não houve quórum, conforme exigência do estatuto do sindicato.

O protesto é porque não será concedido o reajuste de 11,08%, pactuado no mês de novembro com a categoria. No fim do ano, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) determinou que as concessionárias de serviços públicos poderiam aplicar reajuste máximo de 5%.
Desta forma, a tarifa passa de R$ 4,20 para R$ 4,40. Contudo, de acordo com o Consórcio Guaicurus, o aumento é insuficiente para custear o reajuste dos motoristas.

De acordo com o presidente do Sindicato de Trabalhadores do Transportes de Campo Grande, Demétrio Freitas, a última grande greve dos ônibus aconteceu em 1994. “Desde então, foram várias paralisações intermediárias, de horas, que não chegaram a durar o dia inteiro”.

Trabalhadores aplaudem decisão por indicativo de greve. (Foto: Henrique Kawaminami)
Trabalhadores aplaudem decisão por indicativo de greve. (Foto: Henrique Kawaminami)

O presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, afirma que protocolou no último dia 30, um pedido para que o prefeito reveja o decreto que limita o aumento a 5%. “Isso nos coloca em situação de vulnerabilidade operacional”, afirma. O consórcio pede aplicação da tarifa de R$ 5,12 (cálculo que inclui isenção do Imposto sobre Serviços).

“Esse foi o valor que a própria agência encontrou. Aguardamos uma resposta entre hoje e amanhã”, afirma Rezende. A agência citada é a Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados). O consórcio tem mil funcionários.

O prefeito Marquinhos Trad afirmou que vai chamar o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e representante do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para uma reunião. O chefe da administração municipal argumenta que a maioria das gratuidades é concedida para alunos da rede estadual e espera que o governo colabore zerando ou reduzindo o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do diesel, combustível utilizado pelos ônibus.

“A tarifa não depende apenas da boa vontade do prefeito. Tem outros estados que para ajudar a população na tarifa, abriu mão da cobrança. Não são um ou dois estados, são vários. Os governadores deixaram de arrecadar para ajudar a não elevar a tarifa”, afirma Marquinhos.

De acordo com o prefeito, Campo Grande pode bancar a gratuidade de estudantes da rede municipal, de pessoas com deficiência, pacientes com câncer, ostomizados e renais crônicos. “Isso tudo a gente assume”. Marquinhos afirma que a cada dez passageiros, quase cinco têm direito à gratuidade.

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