Com até "mobilização" para agendar visita, Bioparque começa a receber público
Primeiros horários da manhã foram reservados por grupo de professores e alunos de escola estadual
Divididos em dois grupos, um para cada período do dia, alunos da Escola Estadual Henrique Ciryllo Correa foram visitar o Bioparque Pantanal nesta segunda-feira (2), no primeiro dia de abertura da atração turística ao público geral. Em abril, somente grupos selecionados foram convidados a conhecer o destino, como forma de preparação.
De acordo com o diretor da escola, Fabiano Soares, além dos 340 alunos, outros 20 professores acompanharão a visita, agendada após uma “força-tarefa” entre o corpo docente.
“Fizemos um grande esforço, envolvendo todos, para que pudéssemos vir visitar. O cadastro era só grupo de 50, cadastrados por vez.”
Vale ressaltar que, ainda que seja gratuito até o fim deste ano, o complexo só pode ser frequentado mediante agendamento prévio - de forma individual ou em grupos de até 50 indivíduos.
Os representantes desta unidade escolar, com ajuda da SED (Secretaria Estadual de Educação), se mobilizaram de forma conjunta para marcar o passeio com antecedência a 170 estudantes, entre 8h e 10h, e outros 170, das 13h30 às 15h30.
O estudante João Pedro Loubet, de 11 anos, comenta que nunca tinha ouvido falar do Bioparque Pantanal, até que os pais comentaram com ele quando o local foi inaugurado, mais de uma década depois do início da obra pública.
O jovem anseia por conhecer o que está exposto no local, especialmente os fósseis, e ressalta que farão atividades relacionadas à visitação. “A gente vai estudar o que a gente viu aqui, vai ser bem ‘da hora’.” A disciplina que ele mais gosta é História e a própria obra, na visão do aluno, já um “marco” na história sul-mato-grossense.
Conforme apurado pela reportagem, eles até se organizaram para vender pastel, na comunidade, e com o dinheiro, ajudar a custear o transporte coletivo até o ponto turístico.
Ensino - Segundo o diretor da escola, a atividade vai servir de material de observação, para trabalhos e aulas a serem ministradas nos próximos dias. “[Os alunos] vão observar, não haverá atividade no local, mas posteriormente vão trabalhar em nove dos 15 componentes, sobre o que eles presenciaram hoje no Bioparque.”
O professor de Artes Derick Trindade, por exemplo, comenta que a estrutura poderá inspirar futuras aulas de desenho, já que a própria arquitetura já carrega uma série de fortes características artísticas. “A visitação tem possibilidade de abordar várias vertentes para trabalhar em sala, posteriormente.”
O estudante Arthur Santos, 11, relata que quer ver todas as espécies que vivem no Bioparque, mas que tem mais curiosidade para ver as piranhas - peixe comum nos biomas da Amazônia e Pantanal. Já a aluna Emanuela Teodoro de Almeida, 10, queria registrar tudo com o celular, seja fotos tiradas do celular do local, quanto também dos colegas.
Novo "Aquário" - A obra que levou mais de uma década para ser concluída teve gasto divulgado de R$ 230 milhões e, ao longo deste período de construção, chegou a ter nomes diferentes.
O projeto teve início em 2011, quando seria Centro de Pesquisa e de Reabilitação da Ictiofauna Pantaneira, pelo então governador André Puccinelli (MDB), mas já naquela época, ganhou o apelido de Aquário do Pantanal.
Desde então, foi marcado por operação do MPF (Ministério Público Federal) que apontou irregularidades na atrasada construção, além de denúncias de corrupção envolvendo o ex-chefe do Executivo estadual.
Atualmente, foi inaugurado como Bioparque, na gestão Reinaldo Azambuja (PSDB). Ao todo, serão 5,2 milhões de litros de água e 60 mil peixes. Por enquanto, o custo mensal aos cofres públicos ainda não foi divulgado. A entrada será gratuita até 31 de dezembro deste ano.
Conforme a atual gestão, o orçamento inicial foi licitado por R$ 84,7 milhões e com duração de 900 dias - valor quase três vezes menor do que o praticado.