Com cones e até bonecas, moradores formam barreira e fecham rua em protesto
Bairro é o mesmo em que carro foi engolido por cratera após forte chuva
A Rua Cascais, no Jardim Lisboa, em Campo Grande, foi fechada por moradores, na manhã desta segunda-feira (3), em protesto ao que definem como abandono e isolamento da via por falta de pavimentação asfáltica.
A barreira feita de cones, galhos e brinquedos mostra cada recorte de realidade afetado pela atual situação, já que o acúmulo de lixo e erosões causadas pelas chuvas impedem que as crianças brinquem, que carros trafeguem e que serviços como motoentrega ou corrida de aplicativo cheguem até lá.
“Nós estamos esquecidos, isolados”, reclama a fundadora da associação de moradores e organizado do manifesto, Maria Fátima Bueno, 64 anos. “Desde 1992, quando o bairro foi fundado, está deste jeito. Quando chove aí que ninguém passa mesmo. Precisamos de uma providência”, desabafa.
Além da inusitada barricada, a vizinhança providenciou mesa com café da manhã e pretende também almoçar no meio da rua para reforçar a manifestação. “Vamos ficar aqui o dia todo”. A cuidadora infantil Juliane Targaron, 30 anos, relata que além do lixo e situação caótica da via, não há iluminação pública.
“A rua é toda sem luz. Aqui perto tem um Cras [Centro de Referência da Assistência Social], mas nem criança, nem idoso consegue andar aqui. E o ônibus então? Quase tomba. Moro aqui desde que nasci e não vi nada melhorar. Às vezes perco trabalho porque os pais não conseguem entrar com o carro para deixar as crianças aqui”, contou. A linha de ônibus citada por ela é a Roselândia e hoje, durante o fechamento da Cascais, os motoristas estão desviando pela Travessa Iracema.
O pai de Juliane, policial miliar aposentado Júlio Targon, 58 anos, complementa contando que o comercio local também é atingido diretamente, justamente pelo difícil acesso. Morador há 32 anos, viu muitos políticos gastarem sola de sapato por lá, mas após o fim da campanha eleitoral tudo volta ao esquecimento.
“Entra prefeito, sai prefeito e nada muda”. Inclusive, conforme a auxiliar de cozinha Celina Rezende Ribeiro, 56 anos, na prefeitura consta que a rua é asfaltada. A informação, no entanto, ainda não foi confirmada pelo Município. A reportagem entrou em contato e aguarda retorno sobre a situação da via e se há previsão de pavimentação.
Histórico - Vale lembrar que em fevereiro o asfalto da Rua Rivaldi Albert cedeu e a ponte sobre o Córrego Bálsamo caiu, no mesmo bairro, formando enorme cratera. Um carro foi engolido pelo buraco e por sorte ninguém ficou ferido.