Com dinheiro no bolso, consumidores lotam o centro da cidade e ignoram pandemia
Região central estava lotada e muitos disseram que aproveitaram o pagamento para fazer compras e pagar contas
“Parece que nem existe covid”. A observação é do motorista de aplicativo Bruno Valdez, 26 anos, que passou pelo centro de Campo Grande neste sábado e se espantou com a quantidade de pessoas nas ruas, andando sem preocupação de manter distanciamento social ou uso de máscaras.
Com salário liberado entre quinta e sexta-feira, muitos tiveram a mesma ideia e decidiram sair às compras ou pagar as contas neste sábado de sol e de 373 casos confirmados de covid-19 em Campo Grande.
A reportagem rodou o quadrilátero central e viu calçadas lotadas, com pessoas de todas as idades e, muitos, sem máscaras. Não há vaga disponível para estacionamento ao longo das ruas 14 de Julho, 13 de Maio e Barão do Rio Branco. A equipe conseguiu parar o carro próximo da Praça do Rádio Clube.
Se alguém tinha preocupação em evitar contato com desconhecidos, seria tentativa frustrada: o mais comum é o esbarrão no vai-e-vem de consumidores, todos com a justificativa na ponta da língua para a escapadinha em plena pandemia.
Uma delas é a atendente Danatielle Martins, 29 anos, que saiu de casa com a filha, bebê de 5 meses, pois precisava comprar o presente o aniversário da menina. “Medo eu tenho, mas a gente precisa sair para trabalhar hoje vim só por causa do presente”. A máscara estava no bolso da calça. “Ah, é falta de costume ficar usando”.
Sem máscara e sem medo, o técnico de refrigeração Luis Antônio Oliveira, 51 anos, foi ao centro pagar contas. “Estou sadio, todo ano faço exames de rotina, de sangue, não tenho nem colesterol, não tenho medo não”. Como já sai para trabalhar todo dia, não viu problema em ter que voltar à rua hoje. A máscara, item obrigatório durante o trabalho, foi dispensada “Tenho que usar dia inteiro no serviço, está assando meu rosto”.
De máscara, mas enfrentando o turbilhão de gente, a doméstica Nair Ferreira de Brito, 58 anos, estava no centro para comprar presente para as netas e os produtos do almoço de domingo. “Eu tenho medo, uso máscara, álcool”. Justificou que raramente vai ao centro. “Nem sabia que estaria tão cheio assim”.
Sentada em um dos bancos da Rua 14 de Julho, a aposentada Cemira Pereira Leão, 60 anos, descansava um pouco. Saiu para pagar contas e disse que não tem o hábito de sair. “Eu tento me proteger ao máximo”.
Segundo dados atualizados do G1, o Brasil tem 650.540 casos confirmados de covid e 35.139 mortes, conforme contagem feita com as secretarias estaduais, já que o Ministério da Saúde está reformulando a contagem.