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Capital

Com fila de espera, 23 órgãos são 'descartados' por falta de laboratório em MS

Secretária de Saúde do Estado abriu licitação para contratar novo laboratório, mas processo ainda não terminou

Gabriela Couto | 31/08/2022 11:21
Mesa de cirurgia de captação de órgão de paciente na Santa Casa. (Foto: Divulgação) 
Mesa de cirurgia de captação de órgão de paciente na Santa Casa. (Foto: Divulgação)

A OPO (Organização de Procura de Órgãos) da Santa Casa de Campo Grande não realizou nenhuma captação de órgãos neste mês de agosto. Além disso, as famílias que autorizaram a doação não conseguiram ajudar pacientes que estão na fila em todo o país e o que poderia mudar uma vida acaba sendo ‘desperdiçado'. O motivo é a falta de laboratório no Estado que realiza exames para verificar a compatibilidade entre doador e receptor.

Após impasse com o Município de Campo Grande, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) abriu dois processos para contratação de laboratório biomolecular para exames de histocompatibilidade e imunogenética, que antecedem os transplantes em Mato Grosso do Sul. O primeiro processo é de inexigibilidade, com empresa que já presta serviços do tipo ao Estado. O segundo processo é emergencial, para licitação de outros laboratórios do País.Mas até agorao processo não foi concluído.

A coordenadora médica da OPO, Patrícia Berg Leal, afirma que o impacto no serviço é grande. De 10 famílias entrevistadas sobre a possibilidade de doação de órgãos, seis delas não autorizaram pelo medo da demora da liberação do corpo, devido a falta dos exames de histocompatibilidade em Mato Grosso do Sul.

O atraso se deve a alternativa que a SES (Secretaria de Estado de Saúde) tem recorrido. A pasta está realizando esses testes em outros estados, sendo que o laboratório com menor tempo de entrega desse resultado tem um tempo estimado de até dois dias.

Hoje 79 pacientes estão em tratamento de diálise crônica. Destes 36 estão listados ou em estudo para entrarem na fila por um rim. Mas nos últimos 30 dias eles não tiveram um sinal de esperança para sair das máquinas que filtram sangue, pois os exames fazem parte do processo de autorização para realizar o transplante.

“Não haverão doações assim, e com isso os pacientes que aguardam por um órgão continuarão à espera, porém sem uma devolutiva sobre o desfecho. Se não tiver doação, não terá transplante. É difícil para as famílias esperarem tanto tempo pela liberação desses exames fora”, explicou a médica.

Segundo Patrícia, a situação é alarmante. “Em agosto 23 órgãos foram deixados de ser ofertados. Foram dez rins, cinco fígados, quatro pâncreas e quatro corações que estavam aptos e poderiam salvar inúmeras vidas aqui e fora do Estado. É uma situação alarmante e extremamente séria. ”

A assessoria da Santa Casa informou que apenas presta o serviço e que oficializou a situação à Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria de Estado de Saúde, Conselho Regional de Medicina e até ao Ministério Público.


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