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Capital

Com gasolina cara, será que já compensa abastecer com etanol?

Cleber Gellio | 05/11/2021 06:24
Frentista abastece carro que pode rodar tanto com gasolina quanto etanol. (Foto: Kísie Ainoã)
Frentista abastece carro que pode rodar tanto com gasolina quanto etanol. (Foto: Kísie Ainoã)

Com os constantes reajustes nos preços dos combustíveis, muitos motoristas de carros flex ficam na dúvida de quando usar gasolina ou etanol, levando em conta o preço de ambos. Na casa dos R$ 6,50, o preço da gasolina tem atraído, cada vez mais, a atenção do consumidor para o valor do etanol, que teve uma média de R$ 4,865, na última quinzena de outubro, segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Para saber se o álcool é mais vantajoso ou não em relação à gasolina, basta fazer um cálculo básico: dividir o preço do litro do etanol pelo da gasolina. Se o resultado for inferior a 0,7, o derivado da cana-de-açúcar é mais viável, caso seja maior, então, é melhor colocar gasolina.

O etanol vale a pena quando custar até 70% do valor da gasolina. Por exemplo, em um dos postos que a reportagem percorreu, o valor do etanol é de R$ 5,29 e da gasolina R$ 6,48. Dividimos o valor do litro do etanol pelo da gasolina e o resultado da divisão do primeiro pelo segundo é 0,81, maior que 0,7. Portanto, não é vantajoso abastecer com álcool.

No posto em que o gerente de pista Márcio Silva Guimarães, 43 anos, trabalha "muitos clientes são exigentes quanto ao comparativo e mesmo já sabendo do resultado, por outras vias, fazem questão de ver o painel fixado com o percentual de diferença entre os preços".

Painel informa consumidor sobre diferença no percentual de preços. (Foto: Kísie Ainoã)
Painel informa consumidor sobre diferença no percentual de preços. (Foto: Kísie Ainoã)

Karolina Aguiar, 35 anos, prefere gasolina aditivada em seu veículo que possui motor 1.0. "Prefiro a gasolina aditivada porque, mesmo custando mais cara, percebo que meu carro tem um melhor rendimento. Por exemplo, abasteci com gasolina comum e o carro fez uma média de 12 km/litro, já com a aditivada foi de 12,9 km/litro. Vale a pena", garante a gerente comercial.

Já o autônomo Paulo Roque, 42 anos, opta pelo etanol "devido ao melhor desempenho que o combustível proporciona". Não é caso de Iolanda Bueno, 53 anos, que de bate-pronto, afirma não gostar do etanol porque estraga seu veículo, um SUV, e por isso só abastece à gasolina, mesmo em desvantagem no preço. "Já usei etanol, mas toda vez que abastecia, dava problema no carro", relata a comerciante.

O etanol é um vilão. Mito ou verdade? 

Parte do motor de carro, que usa gasolina, com sinais de carbonização. (Foto: Kísie Ainoã)
Parte do motor de carro, que usa gasolina, com sinais de carbonização. (Foto: Kísie Ainoã)

O mecânico José Roberto, 45 anos, explica que as queixas a respeito do etanol por parte de condutores, fazem sentido, uma vez que o combustível é altamente corrosivo e a falta de revisões "acaba afetando diretamente os componentes que alimentam o sistema do veículo".

De acordo com o profissional, os principais reparos feitos na oficina em que trabalha relacionados à utilização do etanol são: desobstrução dos bicos injetores, problemas na bomba de combustível, bem como nos filtros. "O índice de adição de água no etanol, que é de 15%, faz com que os componentes não resistam por muito tempo, o que reduz em até 70% a vida útil de uma peça", salienta. Para quem prefere o etanol, o mecânico orienta que "a cada três 'tanqueadas' de etanol, seria bom intercalar com uma de gasolina".

Mas nem só de críticas vive o etanol, Roberto informa que o combustível também tem seus pontos positivos. Para quem faz uma revisão periódica no veículo, "o combustível proporciona aumento da potência, redução de carbonização do motor, além de maior durabilidade do óleo".

O método comparativo 

Mesmo diante de recentes discussões sobre o método utilizado para o comparativo de preços entre gasolina e etanol, o especialista da WGSA, Renato Gomes, enfatiza que a análise, que é a média de produtividade e custo, é válida, a menos que tenhamos um significativo avanço no aspecto tecnológico em veículos à gasolina. "Temos que comparar os grupos, enquanto as características forem as mesmas das atuais, a análise sempre vai valer".

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