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Capital

Com pancadaria recorrente no trânsito, motoristas da Capital evitam até buzinar

Só ontem, dois casos foram expostos aqui no Campo Grande News, com direito a soco e "capacetada"

Por Geniffer Valeriano e Antonio Bispo | 17/01/2024 15:07

Ontem, dois vídeos de pancadaria no trânsito mostraram que os motoristas de Campo Grande já começaram o ano com os nervos à flor da pele. Muitos não aprenderam a conversar, mas quem dá uma boiada para "não" entrar na briga diz que evita até de buzinar para não se envolver em discussão com condutores "esquentadinhos".

Apesar de trabalhar há pouco tempo como motorista de aplicativo, Maurício Figueiredo, de 24 anos, conta que diariamente encontra condutores estressados durante as viagens. “Eu sempre vejo o pessoal estressado no trânsito, principalmente quem tá de carro. Eles acham que por estarem em um veículo maior, tem preferência de tudo, não deixa os motoqueiros passarem, daí começa a briga”, diz.

Maurício disse ainda que começou a trabalhar como motorista de aplicativo para complementar a renda de sua família. Durante o tempo que está nas ruas, o motorista nota que o fluxo de veículo é intenso. “O trânsito de Campo Grande é bastante cheio, principalmente em horário de pico. Sempre evito entrar em discussão pra não dar problema maior”, pontua.

Já mototaxista, que preferiu não ser identificado, contou que está há 20 anos na profissão. Com uma longa bagagem no trânsito, o homem afirma que já viu de tudo. “O problema é que a pessoa tem problema em casa, briga com esposa, ou alguma coisa do serviço e qualquer coisa é motivo pra briga. Eu evito até buzinar para não estressar ninguém. Não sei quem está do outro lado e o que ele tá passando”, contou.

Ânimos exaltados - Conciliadora que trabalha no Juizado de Trânsito, Maria Priscila Kiss diz que 98% das audiências são resolvidas ainda no local do acidente, sem problemas. Mas na rotina também são muitos os motoristas com os ânimos exaltados.

“Tem muita discussão, as pessoas querem achar um culpado e não estão preocupadas em resolver o problema. Elas querem postergar, de certa forma continuar aquele ciclo de discussão. Quando acontece de os ânimos estarem muito exaltados, a gente tem que encerrar a audiência até para preservar nossa própria integridade e dos policiais”.

Conforme a experiência da servidora, os homens são os mais "esquentadinhos" nas ocorrências atendidas. “Muitas das vezes quando as partes são um homem e uma mulher, a mulher se sente intimidada até de conversar com o homem. Então elas esperam a gente chegar e muitas vezes a pessoa não sabe nem o nome da outra parte porque se sente intimidada por ser um homem”, relata.

Conscientização - Com votação aberta ao público, o tema da campanha de conscientização a ser trabalhada pelo Detran este ano é “Paz no trânsito começa por você”.

A diretora de Educação de Trânsito, Andrea Moringo, relata que a escolha revela um indicativo de que “se as pessoas estão votando pela questão da paz, é porque ali tem falta”. Andrea ainda diz que muitas vezes os condutores acabam levando para o trânsito, que é um espaço coletivo com vários tipos de indivíduos, frustrações e angústias individuais.

“Nesse cenário que é um cenário também de disputa, disputa entre espaço, disputa entre poder, as pessoas estão reproduzindo isso, infelizmente então assim cabe mesmo campanha de conscientização maciças. E essa campanha não é só aqui em Mato Grosso do Sul, é uma campanha nacional que a gente vai intensificar o ano todo com esse tema em todas as abordagens para todos os públicos”, pontuou.

 A diretora de Educação de Trânsito ainda explica que a discussão no trânsito não se enquadra como uma infração. Ainda é dito que não há um meio de fiscalizar essas situações, pois não haveria fiscais suficientes para estar em todas as esquinas e nem como prever quando acontece um desentendimento. Também é orientada que em casos de colisões e agressões sejam registrados boletins de ocorrência.

Andrea reforça que as discussões e até mesmo as agressões que ocorrem em meio ao trânsito podem acabar em outros acidentes. “A pessoa que está alterada perde a capacidade de decisão, de reação, de ação que são tão exigidas no momento de conduzir o veículo”.

Ressaltando o tema da campanha nacional que será abordada ao longo do ano, Andrea diz que a conscientização deve ser realizada com todos, de pedestres a ciclistas e motoristas a motociclistas.

“Muitas vezes a pessoa esquece que o outro também tem o direito de circular, a questão da seta, do limite de velocidade, da faixa de pedestre, de ter a sensibilidade também de entender quando que o pedestre tem o direito de atravessar. E o pedestre também fazer essa sinalização, entender que é um espaço de convivência, um espaço coletivo e essa convivência deve ser de forma mais pacífica possível”, finaliza.

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