Com retroescavadeira, homens tentam invadir terreno já ocupado
Eles se passaram por funcionários da Prefeitura. Polícia precisou ser acionada
Quatro pessoas se passando por funcionários da Prefeitura tentaram invadir os terrenos localizados no bairro Nossa Senhora Aparecida, na região norte de Campo Grande, na manhã desta quinta-feira (24). Com a ajuda de retroescavadeira e um caminhão, eles arrebentaram a cerca de uma casa e a Polícia teve que ser acionada.
Os moradores contam que a situação é corriqueira e que alguns deles aparecem armados para intimidá-los. A confusão aconteceu na rua Monterlei. No local, são cerca de 300 famílias morando em 270 terrenos repartidos em 12x30 metros.
Para evitar que a invasão continuasse, os moradores colocaram um veículo na frente da retroescavadeira até a chegada da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais). Ninguém foi preso. Os policiais apenas orientaram os envolvidos, já que o caso está sendo tratado na justiça, segundo informou a Polícia.
Os moradores dizem que o terreno não é particular e sim comodato da Prefeitura. Robson Henrique de Almeida, de 34 anos, mora com a esposa e a filha recém-nascida há oito meses. Ele conta que todos moravam na região quando uma pessoa chamou outra até a área ficar povoada.
O rapaz afirma que o terreno ficou abandonado há 30 anos e foi tomado pelo matagal durante este período até se tornar uma espécie de lixão. “O terreno está no nome de uma pessoa só e o processo corre na justiça”, conta. “Todo dia uma pessoa aparece dizendo que é o dono”, completa, alegando sofrer ameaças todos os dias.
Outro morador identificado apenas como Fábio disse que as pessoas no local são humildes e contam com inscrição na Emha (Agência Municipal de Habitação) e Agehab (Secretaria de Estado de Habitação e das Cidades). “A única coisa que nós queremos é regularizar os terrenos”, comentou.
Adão Correia Silva, de 48 anos, é pedreiro e também mora no local há pelo menos nove meses com a esposa e duas filhas. O trabalhador conta que não quer confusão e já tentou fazer o cadastro do terreno na Prefeitura. “Não importa a gente pagar a mensalidade, mas nossas casas já estão construídas e queremos ficar aqui”, diz.
A assessoria de comunicação da Prefeitura informou que não houve ordem de retirada dos moradores do local, mas não confirmou até a publicação desta matéria que os terrenos são áreas públicas.
Ontem (23), o prefeito Alcides Bernal (PP) se reuniu com representantes da Polícia Civil, da Guarda Municipal, da Procuradoria Geral do Município e com o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Odimar Luis Marcom, para discutir as invasões nas áreas públicas do município. Quatro áreas estão ocupadas na cidade, entre elas uma na frente do lixão, que a Prefeitura já tem ordem de despejo.