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Capital

Com terreno a R$ 4 milhões, região do Prosa fica com os ricos da cidade

Há 13 anos, Censo mostrava que maior renda era no Chácara Cachoeira e a menor no Caiobá

Por Aline dos Santos | 31/10/2023 08:45
Na Avenida do Poeta, residencial de luxo tem terreno vendido por R$ 4 milhões. (Foto: Marcos Maluf)
Na Avenida do Poeta, residencial de luxo tem terreno vendido por R$ 4 milhões. (Foto: Marcos Maluf)

Dividida em sete áreas urbanas, Campo Grande também tem a geografia do dinheiro, onde os mais ricos se concentram na região do Prosa, que registra o metro quadrado mais caro da Capital e reúne bairros como Chácara Cachoeira, Santa Fé, Carandá Bosque e Royal Park.

Por outro lado, na região urbana do Bandeira, por exemplo, bairro com nome promissor – Vila Progresso-, se consolidou mesmo como o endereço dos ferros-velhos da cidade. Ao todo, a Capital conta com 35.941 hectares de área urbana.

Terreno com custo de R$ 4 milhões em residencial do Parque dos Poderes. (Foto: Reprodução)
Terreno com custo de R$ 4 milhões em residencial do Parque dos Poderes. (Foto: Reprodução)

O mercado do luxo tem terreno vendido por R$ 4 milhões no condomínio Terraville, localizado na Avenida Poeta Manoel de Barros, a Avenida do Poeta, no Parque dos Poderes. O lote conta com área de mil metros quadrados e o atrativo é a exclusividade. O condomínio tem 36 unidades.

Sobre a vizinhança, a R2L Consultoria Imobiliária aponta que as imediações contam com shopping, posto policial, padaria, conveniência, farmácia, igreja, pista de caminhada.

Outro exemplo de que o dinheiro aporta na região do Prosa é a venda de apartamento por R$ 8 milhões em edifício no Bairro Royal Park, perto do Parque das Nações Indígenas e da Avenida Afonso Pena.

Corretor de imóveis, Luiz Fernando Maluf afirma que o campo-grandense tem preferido os condomínios a imóveis de luxo na rua. “O condomínio é um bairro fechado. As pessoas buscam segurança, lazer para as crianças. O círculo de amizades também acaba influenciando e procuram imóveis em condomínios onde têm amigos, pessoas com mesmo estilo de vida”, afirma Luiz.

Faixa destaca prêmio internacional para imóvel de luxo ao lado do Parque das Nações. (Foto: Marcos Maluf)
Faixa destaca prêmio internacional para imóvel de luxo ao lado do Parque das Nações. (Foto: Marcos Maluf)

Ainda no Royal Park é erguido o edifício Momentum, com alto padrão, três a cinco suítes e premiado com o Americas Property Awards pelo projeto arquitetônico e design imobiliário. Conforme o Grupo Plaenge, o imóvel fica na “localização mais desejada de Campo Grande”. O edifício tem na vizinhança shopping, o Parque das Nações e a Afonso Pena, principal avenida da Capital.

"A região do Prosa tem sido uma localização em constante desenvolvimento em Campo Grande nos últimos anos, apontada por índices econômicos e levantamentos de órgãos como IBGE. Por contar com infraestrutura, amplitude de rede de serviços e lazer, naturalmente, há uma busca do mercado imobiliário em desenvolver projetos e proporcionar um atendimento à demanda da população. A Plaenge entende que o desenvolvimento urbano em Campo Grande, dentro das diretrizes do Plano Diretor, é dinâmico e responde às demandas da população, com oportunidades, de crescimento nessa região", aponta o diretor da Plaenge, Édison Holzmann.

João Araújo Filho, CEO (diretor executivo) do Cimi (Clube Internacional do Mercado Imobiliário), reforça que na região urbana do Prosa ficam os bairros “mais caros”.

Porém, os investimentos privados acabam levando ilhas de luxo para outras regiões urbanas. Como os residenciais Damha, que ficam no Bandeira, vizinhos a bairros como Maria Aparecida Pedrossian e Tiradentes.

Bairro Royal Park, perto do Shopping Campo Grande, tem registrado expansão imobiliária. (Foto: Marcos Maluf)
Bairro Royal Park, perto do Shopping Campo Grande, tem registrado expansão imobiliária. (Foto: Marcos Maluf)

Conforme Araújo Filho, os lotes no condomínio de luxo chegam a custar R$ 3 mil o metro quadrado.

“Já o Jardim dos Estados, Itanhangá, São Bento e Chácara Cachoeira são bairros que tem terrenos gigantes e por isso possui mansões que valem muito”, afirma. No quesito “mansões de ruas”, há imóveis com cinema, quadra de esporte, piscina e saunas.

Bairro dos velhos-ferros – Perto do Centro, a Vila Progresso era calmaria na manhã de segunda-feira (dia 30). Pelas calçadas irregulares e esburacadas, a caminhada é solitária. No bairro conhecido pelos ferros-velhos, predomina a circulação de veículos.

Vila Progresso fica região dos ferros-velhos. (Foto: Marcos Maluf)
Vila Progresso fica região dos ferros-velhos. (Foto: Marcos Maluf)

Há dois anos trabalhando na Vila Progresso, Cláudio Bordocan, 68 anos, conta que o mais preocupante é a segurança, por conta dos furtos realizados por dependentes químicos. “Cortam chicote de carro que vale mil reais para vender a R$ 2”, diz. Peça fundamental, o chicote elétrico funciona como um cabo condutor de energia por todo o veículo.

Para ele, as mudanças no ordenamento viário, com várias ruas mão única, acabam isolando a região, porque é preciso rodar mais para escapar de “cair” na contramão.

Trabalhando há cinco anos em conveniência, Monique Gonzales, 25 anos, já enxerga um bairro mais tranquilo. “Nunca fui assaltada, por mais que seja um comércio”, diz.

Claudio afrima que mudanças viárias conribuíram para isolar bairro. (Foto: Marcos Maluf)
Claudio afrima que mudanças viárias conribuíram para isolar bairro. (Foto: Marcos Maluf)

Retrato parado do no tempo – A relação “renda dos moradores x bairro” é retratada no Perfil Socioeconômico de Campo Grande, cuja última edição foi publicada em setembro de 2023.

Contudo, os dados são relativos ao Censo de 2010, portanto há 13 anos. O levantamento apontava a maior renda no Bairro Chácara Cachoeira (Prosa): R$ 11.329,68. Na sequência, apareciam Itanhangá (R$ 11.031,93) e Jardim dos Estados (R$ 10.686,68), os dois localizados no Centro.

Ao longo da década, o Chácara Cachoeira trocou o perfil de bairro residencial por uma vocação mais comercial. Principalmente com consultórios médicos e clínicas.

Ainda segundo o Censo 2010, o menor rendimento médio em domicílios era no Portal Caiobá, com R$ 1.055,18. O bairro fica na região urbana Lagoa. Segundo site de venda de imóveis, há casa até por R$ 80 mil. Ou seja, R$ 4 milhões, valor de terreno em residencial de luxo, pagaria 50 casas no Caiobá.

Conforme a Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), as informações do Censo 2022 ainda não foram disponibilizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Ao longo da década, Chácara Cachoeira ganhou perfil de bairro comercial. (Foto: Marcos Maluf)
Ao longo da década, Chácara Cachoeira ganhou perfil de bairro comercial. (Foto: Marcos Maluf)

“Porém, a defasagem de 13 anos do Censo em nada interfere na gestão da cidade, pois o Executivo Municipal utiliza de outros indicadores para a administração de Campo Grande”, informa a Planurb por meio de nota ao Campo Grande News.

De acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental, a Capital incentiva a ocupação de áreas já consolidadas, com infraestrutura disponível.

Em 2010, maior renda ficava na Chácara Cachoeira, região urbana do Prosa. (Foto: Reprodução)
Em 2010, maior renda ficava na Chácara Cachoeira, região urbana do Prosa. (Foto: Reprodução)

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