Comerciantes esperam ansiosos por shopping que deve reavivar Calógeras
Para lojistas, obra trará nova clientela e visual renovado para via que está abandonada
Considerada por muitos anos como corredor de bons negócios, a avenida Calógeras hoje é sinônimo de abandono no centro de Campo Grande e nem de longe lembra os tempos áureos do comércio. Mas a construção de um shopping na via deve ser o começo de novos tempos, com ares do passado de lucratividade certa. Pelo menos é isso que esperam a maioria dos comerciantes ao redor.
“A rua está abandonada. Esse shopping vai ajudar a gente a atrair de novo o público”, resume o proprietário de uma loja de calçados em frente ao shopping, Mohammad Ismail.
Ele espera que a população volte a frequentar a Calógeras para fazer suas compras e garante que o movimento já deve melhorar com o início das obras do Shopping Cidade Morena, previsto para o início do mês de setembro. O prédio ficará localizado entre as ruas Marechal Rondon e Dom Aquino.
Sobre a concorrência, com a abertura de novas lojas, o comerciante afirma que “sempre tem cliente” e que a freguesia já fiel a loja vai continuar. “A tendência é surgirem novos clientes”, frisa.
Já o proprietário de uma loja de colchões, Adalberto Sandoval, ressalta que pior do que está não fica. “Pra Calógeras ficar assim é muito pior, não tem atrativo nenhum para o público vir até aqui. Pra minha quadra vai ser excelente essa obra”, destaca.
Para o proprietário, a concorrência é algo positivo, que também ajuda a puxar clientes. “A pessoa vai comprar uma coisa lá, aí já passa por aqui e aproveita pra ver uma mercadoria e assim vai indo”, diz.
Preço bom - As irmãs proprietárias de uma das lojas mais antigas da avenida e que mantém as vendas aquecidas há 41 anos, desde a inauguração, ensinam que o segredo para manter a loja sempre cheia é o preço e o foco no tipo de cliente.
“Eu tenho meu público, eles tem o deles. É bom ter mais variedade que aí os clientes vêem que o nosso produto é o que compensa pelo preço e qualidade”, afirma em tom descontraído, Magda Murad.
A loja mudou de local por conta das obras do Shopping, mas manteve a tradição na Calógeras e as proprietárias não pretendem deixar o ponto.
Para Marilene Murad, o novo estabelecimento só vai aumentar a freguesia e as vendas, pois o diferencial da loja está garantido: o preço. “Nosso lucro em cima das mercadorias é pequeno e por isso garantimos um preço bom e nosso cliente”, frisa.
O comerciante Mohammed explica que a manutenção do comércio no Shopping é mais caro e por isso as lojas ao redor vão poder aproveitar os clientes, sem precisar ter custo de manutenção maior.
“O que gasto aqui pra manter minha loja é muito pouco. Agora no Shopping o aluguel é muito mais caro e aí o comerciante acaba tendo que agregar seus gastos no preço final do produto”, diz.
Visual Novo - Mas para atrair a nova clientela que deve ir para a Calógeras, os comerciantes apostam em novas fachadas e já preparam projetos de reformas.
“Mas para os clientes do Shopping virem nas nossas lojas a gente precisa investir em uma loja mais moderna, senão ninguém vem. Tem que ser algo atrativo e bonito”, diz Mohammed, que já prepara o projeto de reforma e deve investir cerca de R$ 5 a 7 mil, fora a compra de novos móveis.
Adalberto também tem planos para a reforma e planeja começar as alterações quando as obras do Shopping já estiveram na fase final.
Muitos comerciantes receberam proposta de mudar para o Shopping, mas eles acreditam que a reforma no estabelecimento compensa mais, já que os gastos com a manutenção em outro local seriam maiores.
Desconfiança - Enquanto a maioria acredita que a construção de shoppings no centro seja um chamariz para a freguesia, alguns comerciantes preocupam-se com o ritmo de vendas e a expansão desenfreada de novos comércios.
“As vendas em shoppings estão aumentando e isso está tirando um pouco da freguesia do comércio no centro. Não sei onde vão conseguir tantos clientes para esse monte de shopping que está saindo”, alerta o proprietário de uma loja de sapatos.
A comerciante de uma loja de roupas para gestantes, Silvana Sartori, compartilha da mesma opinião e diz que mesmo não existindo dentro do shopping uma loja que seja concorrente do mesmo setor, a concorrência existe.
“Eu falo que a gente não concorre só com um seguimento, mas com o bolso do cliente. Pode não ter um loja para gestante no shopping, mas tem outras e aí o cliente passa por lá antes e deixa o dinheiro dele, aí não tem pra gastar na minha”, justifica.
A reportagem não conseguiu contanto com a empresa responsável pela construção do Shopping Cidade Morena, devido o responsável estar viajando.