Compras nas mãos e máscara no rosto, o dia de pagamento no centro da Capital
Apesar da aglomeração no centro, quem foi ao centro da cidade respeitou decreto e usou máscaras na prevenção contra covid-19
A cena se repete no centro de Campo Grande em dia de salário na conta: ruas e lojas lotadas. Neste sábado (4), a diferença desta vez é que a maioria dos que circulavam estava usando máscara, item essencial para evitar a proliferação do novo coronavírus (covid-19). A medida passou a ser respeitada, seja por medo da rápida evolução da doença ou em decorrência da determinação legal.
A mudança no comportamento foi sensível em relação ao fim de semana de 6 de junho, quando a reportagem também constatou a aglomeração nas ruas do centro da cidade após o pagamento dos salários e muita gente sem máscara. Hoje, por onde a equipe circulou, foi fácil perceber que todos estavam com o EPI (Equipamento de Proteção Individual). Difícil foi respeitar o distanciamento social nas calçadas lotadas, o que só era regrado dentro das lojas.
Daquele período para cá, os números da covid-19 cresceram assustadoramente em Mato Grosso do Sul. No dia 6 de junho, o Estado registrava 2.132 casos confirmados da doença, sendo 373 em Campo Grande, quando a cidade contabilizou 22 confirmações a mais de um dia para outro. Das 21 mortes, 8 foram registradas na Capital.
Hoje, MS soma 9.910 infectados pela covid-19. Destes, 3.029 estão em Campo Grande, aumento de 284 casos em 24 horas. O Estado soma 114 mortos, 20 na Capital. Desde que a curva entrou em ritmo de subida acelerado, o governo estadual decretou uso de máscara obrigatório em todos os municípios.
A vendedora executiva Sueli Nunes de Andrade, 36 anos, percebeu a diferença. “Tem bastante gente no centro, achei que por causa da pandemia, ia estar vazio, mas está todo mundo de máscara, achei isso legal”, disse. Sueli saiu com a filha de 14 anos para comprar roupa que será usada pela adolescente no book que será montado em comemoração ao aniversário de 15 anos. “Eu tô pechinchando muito, mas tá tudo bem caro, achou que vou para loja dos 15 [reais]”.
Quem também estava na rua, mas usando máscara e luvas, era a acadêmica de Pedagogia Stephanie Pessoa Ferraz, 36 anos. Desde março sem emprego, hoje que teve auxílio emergencial aprovado e saiu para ir à conveniência comprar alimentos para casa. Ela mora com os pais idosos e, por isso, diz evitar ao máximo ir às ruas. “Acho absurdo encontrar alguns que cuidam tanto enquanto outros não estão nem aí, acho isso muito egoísmo”.
A dona de casa Valdevina Souza, 45 anos, aproveitou o pagamento do salário do marido, servidor estadual, e saiu às compras, acompanhada do filho de 21 anos. Há uma semana se mudou de Corumbá para Campo Grande e foi ao centro em busca de liquidificador. Achou as ruas da capital mais movimentadas, os preços mais em conta e muita gente de máscara.