Contra 2 problemas, lojistas querem que Orla Ferroviária vire estacionamento
Empresários do Centro defendem que seria uma forma de ampliar vagas e ocupar lugar que virou cracolândia
Aos poucos, o Centro está ganhando cara nova com as obras do Reviva Campo Grande, mas problemas antigos ainda tiram o brilho do local. Duas situações que aborrecem os lojistas são a falta de vagas de estacionamento que, aliás, só vai piorar com a implantação de corredores de ônibus, e o espaço da Orla Ferroviária, que virou reduto de usuários de drogas. Se o local fosse transformado em um grande estacionamento, comportaria até 800 carros e resolveria dois problemas de uma vez só, segundo a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas).
A ideia já foi apresentada à prefeitura, mas não vai ser fácil convencer dos benefícios da proposta, porque o espaço é um bem histórico tombado, ou seja, está na lista de patrimônio oficial público com regime jurídico especial de propriedade. Em outras palavras, mexer no local pode ferir o respeito à memória do local, que já foi um grande centro com a extinta linha ferroviária.
Os lojistas vão lutar para provar que dá para preservar a memória e, ao mesmo tempo, tornar o lugar útil, segundo o presidente da CDL, Adelaido Luiz Spinosa Vila.
“Estamos em um momento de voltar ao normal e as obras estão impactando o volume de pessoas que vão comprar no Centro. Montamos um grupo de trabalho de lojistas da área central e estamos aguardando retorno da prefeitura sobre essa proposta. Seria um espaço de cerca de quatro quadras, que dá para usar sem fazer muitas mudanças. Se conseguirmos, ao menos, 300 vagas já melhorariam muito a situação”, comenta o presidente da CDL, Adelaido Vila.
Nas ruas, quem deixa o carro em estacionamentos aprova a ideia e faz questão de reclamar que é urgente uma solução.
“Sem condições de estacionar na rua, porque não tem vaga, nem segurança e o trânsito não ajuda. Seria bem-vindo esse estacionamento. Se realmente a prefeitura investir nisso, ajudaria bastante”, opina o empresário Eder de Souza Jara, de 43 anos.
Na avaliação do contador Pedro Ney, de 58 anos, aumentar o número de vagas vai fazer o trânsito fluir melhor.
“Vai ficar mais fácil achar vaga rapidamente e vai ser melhor do que essas do Centro, porque, muitas vezes, não dá tempo de voltar antes do horário previsto no parquímetro”, reclama.
Outro argumento em que os lojistas pretendem insistir, é a questão do horário em que os estacionamentos privados não atendem.
“No fim do ano, geralmente, a gente consegue autorização para os lojistas abrirem até as 22h, mas muitos estacionamentos fecham antes, e o cliente tem que ir lá só para tirar o carro e aí retornar às compras. Vamos lutar para convencer os órgãos envolvidos, porque sabemos que não depende só da prefeitura e vereadores”, argumenta Vila, referindo-se a órgãos como MPE (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) e Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), entre outros.