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Capital

Contribuinte madruga para evitar final da fila no último dia de Refis

Dívidas de IPTU, deixadas “no fim da fila” das contas no orçamento que aperta são as mais procuradas para negociar

Izabela Sanchez e Clayton Neves | 10/09/2019 07:53
Fila na Central do IPTU, anexa à Prefeitura, na manhã desta terça-feira (10) (Foto: Henrique Kawaminami)
Fila na Central do IPTU, anexa à Prefeitura, na manhã desta terça-feira (10) (Foto: Henrique Kawaminami)

“Bem brasileiros”, aproximadamente 100 contribuintes de Campo Grande deixaram para a última hora e já faziam fila em frente à Central do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) às 7h desta terça-feira (10). Os devedores procuram o último dia do Refis, como é conhecido, também, o PPI (Programa de Pagamento Incentivado), programa de renegociação de dívidas da Prefeitura, prorrogado até esta terça.

Há quem tenha chegado ali ainda durante a madrugada, ainda que o pagamento possa ser realizado até às 16h, por medo da fila. O primeiro a ser atendido às 8h será Waldemar Oliveira Massudo, um empresário de 57 anos que chegou à Central às 4h.

“Quem chega primeiro bebe água limpa”, brincou. Waldemar tem 6 parcelas de IPTU para quitar, pretende pagar 3 agora, e 3 no próximo ano, um total de R$ 5 mil. Ele relatou que não tem intenção de parcelar ainda mais a dívida, em razão dos juros.

“Deixei para o último dia porque sou comerciante, tenho as minhas prioridades de conta, conforme o dinheiro foi entrando fui pagando outras prioridades. É uma oportunidade da prefeitura receber, se fizesse mais campanhas como essa... é uma oportunidade para alavancar a economia da cidade. Acredito que vou ficar aqui até às 9h”, comentou.

Waldemar, o primeiro da fila (Foto: Henrique Kawaminami)
Waldemar, o primeiro da fila (Foto: Henrique Kawaminami)
Central do IPTU, ao lado da Prefeitura, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)
Central do IPTU, ao lado da Prefeitura, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

O exemplo de Waldemar é o de muitos brasileiros, que tem de escolher quais contas pagar primeiro em meio ao cenário de aumento do endividamento das famílias. Em julho, 183.719 representantes de famílias de Campo Grande disseram estar apertados com dívidas a um levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

A Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), apurada pela CNC, aponta 1.873 endividados a mais que em junho. O percentual de inadimplentes subiu de 58,8% do mês retrasado para 59,3% no mês passado, o maior índice registrado no ano todo.

Última na fila no momento da entrevista, a aposentada Lucia Helena Alves, 68, teve problemas para quitar o IPTU do imóvel do sogro e volta ao Refis, mais uma vez, para tentar resolver a dívida de 3 parcelas.

“O brasileiro [demora], e nós somos bem brasileiros”, ri. “Não sei quanto será o valor, mas estou preparada para sair depois das 11h, se ficar apressada é pior. Só vou sair daqui quando resolver. Usei o dinheiro para pagar prioridades. Não é a primeira vez que venho resolver, sei que é demorado”, comenta.

Refis – Prorrogado pela Câmara Municipal até o dia 10, esta terça, o Refis já arrecadou, até segunda-feira (9), R$ 28,606 milhões, segundo o titular da Sefin (Secretaria Municipal de Planejamento e Finanças), Pedro Pedrossian Neto. O objetivo é chegar a R$ 30 milhões.

No último dia da primeira fase do programa, no dia 12 de agosto, a administração municipal renegociou R$ 7 milhões em dívidas e atingiu total de R$ 21,7 milhões arrecadados em 40 dias. A meta inicial era de R$ 12 milhões.

A Central do IPTU tem 60 atendentes que vão trabalhar sem horário de almoço nesta terça. O local é anexo à sede da prefeitura, na Rua Arthur Jorge, 500. Quem não mora em Campo Grande pode ser atendido pelo telefone (67) 4042-0581,ramal 3082.

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