Covid interrompeu pintura por 1 mês em viaduto que marcou Ton pela morte
Trabalho de Ton Barbosa começou no dia 22 de maio em viaduto e deve terminar na próxima segunda-feira
Desde ontem as araras envoltas na bandeira de Campo Grande voltaram a ganhar cor pelas mãos do artista Ton Barbosa. A obra no viaduto Senador Italívio Coelho, na Rua Ceará, foi retomada depois de um mês. O artista pegou covid-19, ficou isolado os primeiros 15 dias e precisou de mais duas semanas para se recuperar totalmente.
Aos 53 anos, Ton dá uma pausa no trabalho e do alto do andaime fala com a reportagem. Ele ainda não havia tomado nenhuma dose da vacina contra a covid. "Bem na semana da vacina eu fiquei doente", explica.
Ele voltou ao viaduto ontem, na companhia do genro Léo Luna, seu ajudante. "Domingo a gente consegue interromper a via para os carros não passarem e trabalha melhor", diz.
O trabalho de Ton ali começou no dia 22 de maio e deve terminar na próxima segunda-feira. Questionado se esta pintura ficará marcada pela doença, Ton diz que não. "Num primeiro momento até assustei, você nunca sabe como seu corpo vai reagir, mas com o passar dos dias fui ficando tranquilo, porque vi que não ia ser muito forte", descreve. Ton não precisou ser internado.
O que marcou mesmo o trabalho do artista foi a cena presenciada um dia depois de começarem os traços no viaduto e que ocasionou a primeira suspensão das atividades. Um suicídio no local. "O homem caiu a cinco metros da gente. Foi uma coisa que me deu um trauma, ficamos dois dias sem trabalhar", recorda.
Hoje, caminhando para a reta final da obra, Ton fala que quer despertar nas pessoas bons sentimentos num momento de pandemia.
A proposta feita à Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo) da Capital foi de envolver os dois lados do viadutos com a bandeira da cidade de Campo Grande junto com araras.
A obra é parte do projeto "Cores e Vias" que selecionou os 10 principais viadutos de Campo Grande para receber a revitalização e a arte assinada por um artista visual local.
"Me foi pedido um trabalho que eu pusse alegrar a cidade. Eu fiquei olhando para o viaduto imaginando a bandeira e o que representa a cidade, então envolvi as araras também para quem sabe alegrar as pessoas que estão há muito tempo em casa", finaliza.