De ponta a ponta rua 14 de Julho completa cem anos
Nos seis quilômetros, aniversariante mostra que não vive só da agitação
De uma ponta a outra a centenária 14 de Julho tem em sua extensão cinco quilômetros, muitas histórias e cenários. Entre casas e comércio a via que oferece de tudo um pouco começa e termina em quadras tranquilas, pacatas que nem parecem a 14 conhecida dos campo-grandenses.
No primeiro dos cerca de 40 quarteirões, a rua começa na avenida Consolação, no bairro Santa Dorotéia e quem explica é a auxiliar de escritório Fabrícia Manzoni Picerne, 35 anos. Paranaense de nascimento, mas radicada em Campo Grande há muito tempo, ela diz que o trecho ali é mais de comércio e tem como característica, a tranquilidade.
"Daqui até a Fernando Corrêa da Costa é assim", acrescenta. Em volta, a loja de revenda de baterias e peças para automóveis está há 10 anos na região e tudo parece igual. "A maioria aqui já tinha. Esse prédio ali, aquele do lado".
Se mais para frente o movimento cresce junto com a rua, isso ela garante. "Tudo o que a gente precisa vai para lá, todas as lojas, tudo eu vou na 14. No centro a gente até esquece das outras ruas".
E não é para menos, a 14 tem em uma única rua, antiguidades que acompanharam o desenvolvimento, a praça da cidade, lojas tradicionais e uma população inteira circulando pelo coração do comércio. O centenário não é assunto tão desconhecido, quem passa por ali já sabe, a rua está de aniversário. "É por causa dos 100 anos né, eu vi mesmo", corre a informação.
Com o nome em homenagem à Revolução Francesa, data da queda da Bastilha, quando a prisão foi invadida pelo povo, em Paris, a 14 de Julho, assim como o evento que mais marcou a revolução, divulgava a democracia, igualdade e a fraternidade.
A rua que leva o nome de um dos fatos mais conhecidos da história é para o "seo" Geraldo mais que um casa, um lar. Na última quadra, em frente ao poliesportivo Dom Bosco, a 14 acaba no Monte Castelo, depois de uma longa caminhada.
"Nossa, se eu saio daqui, parece que eu não estou em Campo Grande. Para mim a cidade se resume aqui", conta o aposentado Geraldo Gimenes, 49 anos. Morador da última quadra da rua, ele não esconde que foi amor à primeira vista. "De imediato eu gostei, comprei o apartamento quando ainda estava sendo construído, porque desde o princípio é calmo, tranquilo, não tem roubo", afirma.
Distante da agitação de um grande centro, a mesma 14 das lojas e do trânsito ainda guarda uma característica de antigas vilas. "Todo mundo se conhece aqui" e só com a frase do "seo" Geraldo nem precisa dizer mais nada.
É a tranquilidade e o aconchego que fecham a rua aniversariante, como os cumprimentos de boa tarde entre os vizinhos, confirmando, ali todo mundo se conhece.