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Capital

Defensoria pede reforço na rede de apoio contra suicídio na Capital

Relatório mostra registros de lesões autoprovocadas de 2019 a 2022 e aponta lacunas na rede de apoio

Por Silvia Frias | 26/09/2024 16:44
Fita foi amarrada em grade de pontilhão de Campo Grande, em campanha pela vida (Foto/Arquivo/Caroline Maldonado)
Fita foi amarrada em grade de pontilhão de Campo Grande, em campanha pela vida (Foto/Arquivo/Caroline Maldonado)

Relatório da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul aponta a urgente necessidade de se estabelecer rede de apoio e projetos eficientes para prevenção ao suicídio em Campo Grande. A análise foi feita a partir de dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) em que a cidade registrou, em três anos, 5.423 notificações de lesão autoprovocada, indicativo direto de tentativa de suicídio.

O documento foi divulgado hoj (26) e, em alusão ao Setembro Amarelo, mês de prevenção nacional ao suicídio. As 5,4 mil notificações são referentes ao período de 2019 a 2022, representando 32,5% dos casos de lesão autoprovocada em Campo Grande.

Os dados utilizados no relatório foram obtidos através da biblioteca PySUS que armazena e disponibiliza os dados da plataforma do Datasus.

Conforme relatório, há concentração significativa entre jovens e adultos. Dos 18 aos 29 anos, observa-se que 40,25% dos casos ocorrem nesse grupo, enquanto entre 30 e 59 anos, a porcentagem é de 35,7%. No recorte sobre estado civil, 52,98% delas afirmavam ser solteiras, enquanto 27,29% estavam casadas ou em uma relação amasiada. Adicionalmente, 6,8% encontravam-se separadas, e 0,68% dos respondentes eram viúvos.

Dos locais de morte, a maioria, 64,04%, ocorreram dentro de casa. Hospital e via pública abrangem os outros dois maiores registros, com 13,38% e 5,24% respectivamente

O relatório identificou grande subnotificação no registro de lesão autoprovocada e, principalmente, dos óbitos. Pelo Sinan, das 34.251 mortes ocorridas em Campo Grande de 2019 a 2022, notou-se que 93,04% não fornecem informações detalhadas sobre as causas do óbito.

“Apesar dos registros escassos na classificação de óbitos, nota-se que o suicídio ocupa a terceira posição entre as principais causas de morte na Capital”, avaliou a Defensoria Pública. “Isso ressalta a necessidade de uma abordagem mais rigorosa na obtenção e categorização dos dados, enfatizando a importância de uma análise mais detalhada para embasar a formulação de estratégias eficientes”.

A defensoria considera, ainda que, apesar das leis em vigor em prol da prevenção ao suicídio em Campo Grande, elas se mostram pouco eficientes, sendo necessária fiscalização do cumprimento da legislação. Também se destaca a necessidade de treinamento dos profissionais da rede pública de saúde para indicar os sinais precoces de comportamento suicida.

Campo Grande também demonstra que, por mais que promulgou nos últimos anos inúmeras leis em prol da prevenção do suicídio, elas se mostram poucas e ineficientes, precisando-se de uma elaboração de leis mais eficientes e principalmente de uma implementação e fiscalização para de fato conseguir combater os elevados índices de suicídio na capital.

Ao observarmos que uma pequena proporção do comportamento suicida chega ao conhecimento dos médicos, destaca-se a importância da sensibilização e treinamento dos profissionais de saúde para identificar os sinais precoces de comportamento suicida.

Apesar de citar a rede existente na cidade, com apoio psicológico e hospitalar, a Defensoria Pública avalia que há falhas a serem sanadas.

"O relatório revela a gravidade da questão e também aponta lacunas. O suicídio e, também, sua tentativa, alcança altos índices em Campo Grande, situação que revela a necessidade de uma política pública integrada entre muitos setores da sociedade, bem como o desenvolvimento de uma proteção global”, diz o defensor público do NAS (Núcleo de Atenção à Saúde), Nilton Marcelo de Camargo.

Outra lacuna pode ser apontada na falta de campanhas de conscientização de prevenção ao suicídio e da rede de proteção dirigidas aos povos indígenas. Também a subnotificação oculta fatos alarmantes. Precisamos desvelar os casos de subnotificação para desenvolver estudos e políticas integradas sobre esse tema no Brasil", avaliou.

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