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Capital

Defensoria vai investigar denúncias de abuso em desocupação

Com últimos barracos destruídos, moradores dormirão ao relento nesta segunda-feira

Natália Olliver e Ana Beatriz Rodrigues | 07/08/2023 16:56

Após os últimos barracos serem destruídos na ocupação Lagoa Park, bairro vizinho ao Jardim Batistão, região sul de Campo Grande, moradores dormirão ao relento nesta segunda-feira (7), já que não podem construir nada no local. Para averiguar se houve ações abusivas na desocupação do terreno, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul vai investigar o despejo.

Regina Célia Rodrigues Magro, defensora de moradia, explicou à reportagem que por se tratar de uma área pública, os residentes não podem construir, mas podem permanecer normalmente no local. De acordo com ela, a prefeitura não tem moradias disponíveis para as famílias no momento. Uma solução apresentada seria os moradores se abrigarem em casas de conhecidos ou lares temporários. O que eles negaram, por medo de dependentes químicos.

Defensora pública em área de desocupação do Lagoa Park (Foto: Paulo Francis)
Defensora pública em área de desocupação do Lagoa Park (Foto: Paulo Francis)

A Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) ressalta que os acolhimentos temporários são distintos e que ajuda tanto famílias quantos os dependentes químicos separadamente, ou seja, não ficam no mesmo lugar.

Regina acrescenta que vai juntar vídeos, áudios, fotos e depoimentos para montar uma espécie de dossiê do caso. Após isso, serão solicitados, através de um ofício, à GCM (Guarda Civil Metropolitana) relatórios sobre ações dos guardas envolvidos na desocupação. Ela também vai investigar o porquê de a ação ter sido realizada durante o final de semana.

Karlos Henrique, 23, autônomo, revelou à reportagem que vai dormir no local, debaixo de uma árvore. "Nós vamos dormir aqui, vamos só colocar os colchão lá de volta onde eles destruíram, e ficar lá".

Deusni Silva de Oliveira, de 50 anos, mora na região há 25 anos e ajuda as famílias desabrigadas. "Eu fiquei com dó desse povo e estou dando água, banheiro e alimento da minha casa para eles. Isso aqui era só mato antes e agora que eles entraram pra morar vem a prefeitura expulsando, tirar eles pra deixar sem rumo".

Desocupação - Neste domingo (6), a GCM (Guarda Civil Metropolitana) fez um novo despejo em um terreno no bairro Lagoa Park, onde aproximadamente 55 pessoas viviam de forma irregular em barracos improvisados. A ação gerou revolta entre os moradores, pois no local havia crianças e mulheres grávidas.

Nesta segunda, pela manhã, houve uma reunião com um grupo de moradores da área de ocupação e o secretário de Governo e Relações Institucionais do Município, João Rocha. Na ocasião, ficou decidido que as famílias seriam cadastradas nos programas sociais oferecidos pela prefeitura.

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