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Capital

Delegado diz que dossiê não interessa à investigação sobre Paulo Magalhães

Aliny Mary Dias | 12/07/2013 10:08
Magalhães foi morto a tiros em frente à escola da filha  (Foto: Marcos Ermínio)
Magalhães foi morto a tiros em frente à escola da filha (Foto: Marcos Ermínio)

A execução do delegado aposentado Paulo Magalhães ocorrida há 17 dias em Campo Grande é tratada como prioridade pela DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios). Apesar de o delegado Edilson dos Santos afirmar que diligências continuam sendo feitas diariamente, a existência de um dossiê com denúncias feitas por Magalhães não interessa à polícia.

Já confirmada pela CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a existência de um dossiê com denúncias feitas por Magalhães para a Justiça não irá ajudar a polícia a esclarecer o caso, pelo menos na primeira fase da investigação, afirma o delegado. 

“Esse dossiê não nos interessa porque não há necessidade. Todos falam dessas denúncias, mas não chegou nada na minha mesa. Se alguém tiver esse dossiê, que me traga”, afirma Edilson.

Questionado sobre a requisição dos documentos junto à Justiça, o delegado afirma que não procurou os órgãos, porque as denúncias não devem esclarecer o crime. “Se tivessem 100 denúncias, nós iríamos ouvir os 100, o problema não são os depoimentos e sim a necessidade disso”, diz o delegado.

Edilson confirma que se os documentos realmente existirem, eles podem fazer parte das próximas fases da investigação. O delegado afirma que não existem suspeitos pela execução de Paulo Magalhães e que não há prazo para encerrar o inquérito.

“Já ouvimos familiares, conhecidos e amigos, agora precisamos descobrir quem matou e porquê”, completa.

Em entrevista ao Campo Grande News na manhã desta sexta-feira (12), Edilson afirma que o caso é considerado prioridade para que as informações coletadas pela polícia não ”esfriem”.

Sem revelar a quantidade de depoimentos já coletados, o delegado explica que todas novidades que surgem são levadas em conta na investigação. “Nós tratamos como prioridade, mas todos os outros casos também são. Por ser um caso novo e para não esfriar as informações, nós priorizamos este”, afirma Edilson.

OAB discorda - O advogado Luiz Carlos Saldanha, presidente da comissão formada pela OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) para acompanhar a investigação, afirma que a posição dos defensores é contrária a apresentada pelo delegado.

“Entendemos que o delegado é o presidente do inquérito, mas temos um posicionamento conservador de que toda peça de investigação deve ser esgotada antes de ser afastada”, afirma Saldanha.

Na prática, a comissão acompanha as investigações desde o início, mas a entidade aguarda uma autorização do Delegado-Geral da Polícia Civil, Jorge Razanauskas, para que o acompanhamento seja oficial.

A OAB também solicitou que o MPE (Ministério Público Estadual) faça parte da investigação, mas aguarda um posicionamento do órgão. “Nós acreditamos que quando o ministério público entrar na investigação, esse dossiê fará parte do inquérito”, completa o advogado.

Caso - Um dos amigos de Paulo, que preferiu não se identificar, disse, no dia do velório, que o delegado aposentado teria deixado 11 dossiês com amigos, inclusive fora do Estado. Os documentos contém informações sobre denúncias apuradas pelo delegado aposentado.

Segundo o amigo de Paulo, ele temia ser morto e queria evitar que as denúncias acabassem se perdendo com sua morte.

Paulo foi morto com cinco tiros, no dia 25 de junho, em frente à escola da filha, na rua Alagoas, em Campo Grande. Entre várias investigações, o delegado chegou a publicar um livro que denunciava a instalação de câmeras clandestinas no presídio federal.

No livro “Conspiração Federal”, censurado após a publicação, cinco agentes penitenciários denunciavam a existência da gravação de encontros íntimos dos presos e inúmeras outras irregularidades no local, a mando de juiz federal.

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