Dependendo de corridas por aplicativos, usuários reclamam de cancelamentos
Plataformas dizem que políticas internas e benefícios têm sido aplicados aos motoristas para conter problemas
Longe de ser novidade, usuários de aplicativos para corridas seguem reclamando sobre a demora em conseguir viagens e constantes cancelamentos. Para tentar barrar os problemas, as plataformas explicam que existem códigos de conduta que incluem o banimento dos aplicativos e pacotes para auxiliar os motoristas a lidar com a alta dos preços dos combustíveis.
Dependendo das viagens por aplicativo, a vendedora Carolina Orrana, de 24 anos, conta que costuma usar a Uber para ir trabalhar. Para ela, o maior problema segue sendo a demora para encontrar motoristas.
É um sacrifício todos os dias, parece uma luta. Durante a manhã, quando venho trabalhar, é difícil de achar. Começo a pedir antes para chegar no horário certo e não atrasar, explica Carolina.
Cozinheira, Daniela Echeverria, de 43 anos, explica que também usa os aplicativos da Uber e 99 Pop diariamente e, por isso, segue enfrentando dificuldades. “Eu uso direto, na verdade só uso os aplicativos. Tenho muito problema porque os motoristas cancelam e aceitam corridas que apenas são convenientes para eles. Muitas vezes, faltando um minuto para chegar até nós, eles cancelam”, explica.
Morando a cerca de 22 minutos de carro do Centro, Aparecida Souza, de 56 anos, narra que esperar por mais de 15 minutos pela chegada de um motorista é costumeiro. Enquanto conversava com a reportagem na tarde desta quinta-feira (23), ela aguardava por um carro que estava há 20 minutos dela.
Em situação parecida, a estudante Ana Letícia Bueno da Silva, de 22 anos, disse que já se acostumou a não conseguir entrar no primeiro veículo que aceita as corridas.
É difícil achar, demora até 10 minutos para alguém aceitar e toda vez cancelam. Nunca chega o primeiro que aceitou, sempre é o segundo ou o terceiro, diz.
Presidente da Applic-MS (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transportes de Passageiros e Motoristas Autônomos), Paulo Pinheiro relata que durante o período de final de ano novos fatores entram na discussão. “Agora neste período, as chamadas aumentam muito, cerca de 30% devido às compras, viagens até aeroporto e rodoviária”.
De acordo com Paulo, além da procura aumentar, o número de motoristas segue reduzido devido ao aumento no preço dos combustíveis e exclusão das plataformas. “É importante que a população siga entendendo sobre como funciona o mercado de transporte de passageiros particular. Tivemos muitos motoristas que foram retirados dos aplicativos nos meses anteriores, mas acreditamos que o cenário irá melhorar”.
Condutas e punições - Em nota, a assessoria da Uber explicou que os motoristas parceiros são profissionais independentes e, por isso, podem cancelar viagens quando julgarem necessário assim como os usuários. “Cancelamentos excessivos ou para fins de fraude, porém, representam abuso do recurso e configuram mau uso da plataforma, pois atrapalham o seu funcionamento e prejudicam intencionalmente a experiência dos demais usuários e motoristas”.
Ainda de acordo com a plataforma, equipes e tecnologias próprias são usadas para revisar constantemente os cancelamentos. Deste modo, é possível identificar suspeitas de violação às regras do aplicativo e, caso as situações sejam comprovadas, as contas envolvidas são banidas.
Em setembro, a Uber emitiu um comunicado, de acordo com a Folha de São Paulo, explicando que cerca de 1.600 motoristas no Brasil haviam sido banidos devido ao abuso no cancelamento de viagens.
Sobre a demora para conseguir corridas, a 99 explicou que os motoristas podem rejeitar a solicitação. "A recusa da corrida, antes mesmo que sejam efetivamente confirmadas para os passageiros em seus apps, evita que os usuários sejam impactados com altas taxas de cancelamento ao procurar por uma viagem e oferece transparência, evitando tempo de espera para embarques".
De acordo com a empresa, informações sobre a corrida como valor aproximado, origem, destino e dados do passageiro são enviados antecipadamente aos motoristas. "O resultado dessa prática reflete em um baixo índice de cancelamento, que na 99 é de menos de 5%, e uma melhor experiência para o passageiro, que não é impactado com uma sucessão de corridas canceladas. A 99 também é a única companhia em seu segmento a permitir que os motoristas parceiros rejeitem, sem limites, corridas antes mesmo de serem confirmadas para os passageiros".
Também em nota, a 99 relatou que uma forma para manter o equilíbrio da plataforma em relação aos reajustes dos combustíveis foi o reajuste nos ganhos dos motoristas parceiros, "entre 10% e 25%, nas 1.600 cidades do Brasil onde a empresa opera. A iniciativa oferece mais ganhos aos motoristas e, ao mesmo tempo, mantém a acessibilidade e oferta do serviço aos usuários, uma vez que a maior parte deste aumento para os motoristas está sendo subsidiada pela empresa, não refletindo, portanto, no preço final ao passageiro".
Outro benefício lançado pela empresa foi o pacote de ações chamado Mais Ganhos. Conforme a 99, há repasse integral do valor da corrida aos parceiros em localidades e horários específicos, "que já representou ganhos extras de mais de R$ 10 milhões para os condutores".
Por fim, a plataforma complementou que as medidas deverão impactar o PIB brasileiro com um acréscimo de R$ 500 milhões até o final do ano.
Em setembro, o Campo Grande News publicou uma matéria explicando sobre reajustes nos preços feitos aos motoristas. À época, o motorista Alessandro de Paula Braga contou que a Uber havia anunciado reajuste de 15%.