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Capital

Depois de não conseguir imunizar os filhos, mãe pede "vacina para todos"

João Humberto | 30/05/2016 17:05
Com cartazes cobrando mais vacinas contra a gripe na rede pública de saúde, manifestantes fizeram protesto em frente à prefeitura (Foto: Alcides Neto)
Com cartazes cobrando mais vacinas contra a gripe na rede pública de saúde, manifestantes fizeram protesto em frente à prefeitura (Foto: Alcides Neto)

Cada uma das pessoas que compareceu ao protesto “Vacina para todos já”, feito na tarde desta segunda-feira (30) em frente à Prefeitura de Campo Grande, tem uma história negativa relacionada à procura por vacinas contra a gripe para grupos prioritários. Nenhum representante da Prefeitura da Capital foi conversar com os manifestantes.

A dona de casa Juliana Gaioso Pontes, 43 anos, organizadora do protesto, tem dois filhos, de 8 e 4 anos. Ela já foi oito vezes a postos de saúde de Campo Grande e não conseguiu encontrar a vacina para os pequenos. “A prefeitura precisa fiscalizar a falta de vacinas, pois se isso acontece é porque pessoas que não estavam nos grupos prioritários conseguiram a vacinação”.

Conforme o advogado Glauber Turini, 24 anos, a avó de 79 anos teve que pagar pela vacina. “Isso é um absurdo, mais de trinta mil vacinas sumiram e isso não poderia ter acontecido, até porque faltou gente do grupo prioritário para ser vacinado”, relata.

A comissária Renata Pimentel, 38 anos, tem dois filhos adolescentes e também teve que pagar pela vacina na rede particular de saúde. Sua funcionária, que é mãe de uma criança, relatou que o filho está internado no Hospital Regional com suspeita de ter sido contaminado pela gripe A. “Estamos todos aflitos. Ela já pediu orações e informou que o estado do filho é delicado”.

Pai de um menino de seis meses, o compositor Rafael Baís, 23 anos, participou do protesto e espera que a prefeitura providencie logo mais doses para a população. Ele levou a criança até o posto de saúde do bairro Tiradentes no último dia 9 de maio, contudo, como o bebê tinha que tomar a última dose de uma vacina viral, acabou recebendo esta e a da gripe A. Resultado: não surtiu efeito.

Para Rafael, houve despreparo por parte da equipe de profissionais da saúde que aplicaram a vacina em seu filho. “Há muita falta de informação entre as pessoas que trabalham no setor da saúde da prefeitura e isso prejudica os cidadãos. Espero que nosso protesto sirva para que o Executivo tome para si a responsabilidade do sumiço dessas doses. Se não pudermos contar a prefeitura, contaremos com quem?”, questionou.

Balanço - Até 20 de maio, o último dia da campanha nacional, 188 mil doses foram recebidas pela Capital, quando mais oito mil, destinadas aos presidiários e agentes penitenciários, chegaram. Deste total de 196 mil vacinas, além das oito mil da população carcerária, dez mil vacinas devem ser aplicadas nas crianças, que precisam tomar a segunda dose, para que a imunização seja completa. As 3.166 continuam ‘perdidas’.

Ivandro Fonseca, secretário municipal de Saúde, disse na semana passada que a diferença de doses pode estar relacionada ao envio de frascos, pelo Ministério da Saúde, de oito doses em vez de dez. Essa informação é rebatida pelo Instituto Butantan, responsável pela fabricação das vacinas.

Conforme Ivandro, a noção exata quanto ao número de vacinas que restam na rede pública de saúde seria repassada nesta quarta-feira pela Sesau. No entanto, como a secretaria informou: os estoques estão zerados.

Sobre a vacinação em grupos que não são de risco, a prefeitura mantém a opinião de que isso não aconteceu e não acontece. Agora, a Sesau (Secretaria de Estado de Saúde) montou comissão para apurar indícios de irregularidades referentes ao sumiço de vacinas contra a gripe A.

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