Prefeitura cria comissão para investigar sumiço de vacinas contra a gripe
O secretário municipal de Saúde de Campo Grande, Ivandro Fonseca, designou três servidores para comporem comissão de sindicância com a finalidade de apurar indícios de irregularidades referentes ao sumiço de vacinas contra a gripe A, nos postos de saúde da Capital, para verificar se houve falha por parte de servidor lotado na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) no envio de informações à imprensa. A decisão tem como base a matéria do Campo Grande News intitulada “Prefeitura não sabe onde foram parar 32 mil doses de vacina contra a gripe”, escrita pelos jornalistas João Humberto e Leandro Abreu e publicada no último dia 23 de maio.
Com base na lei complementar 190, de 22 de dezembro de 2011, que trata sobre o Estatuto do Servidor Público Municipal, Ivandro criou uma comissão para apurar se houve falha por parte de servidor lotado na Sesau quanto a informações desencontradas a respeito do desaparecimento de aproximadamente três mil doses de vacina contra o vírus H1N1, responsável pela gripe A, falta de doses na rede pública de saúde e estoque zerado para compra.
A decisão foi publicada na edição de hoje (30) do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), com prazo de 30 dias para apresentação do relatório conclusivo dos trabalhos. A comissão designada por Ivandro é formada pelos servidores Cristiano de Campos Lara, Luis Fernando Garcia da Silva e Sandra Maria Vieira da Cunha.
Matéria – A matéria descreveu que a prefeitura de Campo Grande não sabia onde foram parar 32.381 doses de vacina de um total de 195 mil doses encaminhadas pelo Ministério da Saúde ao município para garantir a vacinação dos grupos prioritários, em campanha que terminou no dia 20 de maio. Na ocasião, a Sesau informou que 162.619 pessoas tinham sido vacinadas.
Ainda de acordo com a matéria publicada no Campo Grande News, Ivandro Fonseca relatou que alguns frascos teriam vindo com oito doses ao invés de dez, o que foi descartado pelo Instituto Butantan, laboratório responsável pela fabricação das vacinas.
Ivandro Fonseca considerou significativo o número de 32,3 mil doses que desapareceram e conforme ele, estaria sendo contabilizada a abrangência da campanha. Por isso, a noção exata quanto ao número de vacinas que restaram na rede pública de saúde seria divulgada no dia 25 de maio, porém, a Sesau informou na ocasião que já não há mais vacinas disponíveis nos postos de saúde da Capital e que a prefeitura não tem conseguido efetuar a comprar de mais doses por não achar no mercado.
A Sesau ainda informou na ocasião que havia solicitado ao governo do Estado o envio de mais de 36 mil doses, sendo que seis mil seriam para a imunização dos professores e servidores da educação, conforme preconiza a lei estadual e municipal. Na justificativa quanto ao sumiço das 32,3 mil vacinas, e-mail encaminhado pela Sesau ao Campo Grande News detalha que “essas doses são para repor as quantidades anotadas, uma vez que nos frascos que deveriam conter 10 doses, verificou-se que a parcela considerável deles continham 8 ou 9 doses apenas”. Agentes de saúde, segundo Ivandro, é que fizeram a fiscalização.
“Estou instaurando sindicância para apurar essa irregularidade, ninguém vacinou outro público-alvo que não fosse o grupo de risco”, garantiu Ivandro Fonseca. Já o secretário de Estado de Saúde, Nelson Tavares, informou recentemente que a falta de vacinas é decorrente da imunização em grupos não prioritários que aproveitaram ações feitas em shoppings e supermercados.
Balanço – Até 20 de maio, o último dia da campanha nacional, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, 188 mil doses foram recebidas pela Capital, quando mais oito mil, destinadas aos presidiários e agentes penitenciários, chegaram. Deste total de 196 mil vacinas, além das oito mil da população carcerária, dez mil vacinas deveriam ser aplicadas nas crianças, que precisam tomar a segunda dose, para que a imunização seja completa.
A assessoria de comunicação da prefeitura reiterou que não estão ‘perdidas’ 32,3 mil doses, mas 3.166. Ivandro disse que a diferença de doses pode estar relacionada ao envio de frascos, pelo Ministério da Saúde, de oito doses em vez de dez. Essa informação é rebatida pelo Instituto Butantan, responsável pela fabricação das vacinas.
Conforme Ivandro, a noção exata quanto ao número de vacinas que restam na rede pública de saúde seria repassada nesta quarta-feira pela Sesau. No entanto, como a secretaria informou: os estoques estão zerados.
Sobre a vacinação em grupos que não são de risco, a prefeitura mantém a opinião de que isso não aconteceu e não acontece. Agora, a Sesau montou comissão para apurar indícios de irregularidades referentes ao sumiço de vacinas contra a gripe A.
* Matéria editada às 18h28 para acréscimo de informações