Dia foi de limpeza na calçada e ronco de motosserra pelas ruas da cidade
Com o tempo firme, o jeito foi usar as primeiras horas do fim de semana para colocar fim a bagunça
Galhos pelas calçadas, telhas e vidros quebrados. Campo Grande amanheceu sábado (16) com vestígios do temporal da tarde de ontem por todos os lados. Com o tempo firme, o jeito foi usar as primeiras horas do fim de semana para colocar fim a bagunça causada pela chuva e vendo de quase 100 km/h.
Pelas ruas da cidade não faltou quem reservou umas horinhas do dia para varrer a calçada, recolher as telhas que quebraram com o vento e os galhos espalhados com a chuva. Em vários pontos os estragos foram ainda maiores. Segundo o Corpo de Bombeiros 254 quedas de árvores foram registradas na Capital. Ruas foram interditadas, imóveis e carros destruídos.
Por todo o dia, o barulho de motosserra prevaleceu nos bairros. Até quem trabalha diariamente com a poda de árvores se surpreendeu com a quantidade de serviço. Foi o caso de Maiko Correia de Oliveira, dono da Podas de Árvores Campo Grande. “A demanda está muito grande. Recebi umas 15 chamadas. Passei a manhã inteira na Universidade Federal e temos serviço lá até quarta-feira”, contou.
Em meio a correria para dar conta da demanda, Maiko conta que é a primeira vez que recebe tantas chamadas após uma chuva em Campo Grande. Militares do Corpo de Bombeiros e equipes da Defesa Civil Municipal também somam esforços para tirar troncos e galhos de ruas e calçadas pela cidade.
Uma pilha de troncos recém cortados, por exemplo, é o que chama atenção para uma galeria de lojas da Rua Vitório Zeola, no Carandá Bosque. Ao se aproxima, no entanto, se descobre que a destruição causada pela tempestade foi muito maior.
O vento arrancou o telhado de zinco que cobria as cinco lojas da galeria e ainda danificou o forro de gesso de pelo menos três delas. Proprietário do studio Level Up, o personal trainer Jonathan Reis, de 29 anos, foi avisado que os galhos da árvore estavam em frente a porta e resolveu ir ao local. Pelo vidro viu que dentro a situação era ainda pior.
Todo o teto desabou. Os equipamentos foram molhados e precisaram disputar espaço com o gesso quebrado. Nesta manhã Jonathan voltou para recolher o que podia e contabilizar o estragos. “Parece que o vento entrou aqui dentro também. O galão de água estava cheio e foi parar no meio do studio. Estragou o filtro, o climatizador, a bicicleta, o tatame”, conta o personal.
Jonathan trabalha com horários agendados no local há nove meses e agora precisa de um novo espaço para atender. “Tenho que ver se vou atender em outra academia ou ao ar livre”. Ao lado do Level Up, a barbearia 262 Kustom Shop precisou lidar com o mesmo problema.
Na hora em que a árvore caiu e o telhado voou, cinco funcionários e um cliente estavam no local. A proprietária da barbearia, Camila Basso, de 41 anos, estava em Bonito quando recebeu a notícia e imediatamente pegou a estrada de volta a Capital. Nesta manhã, contratou o profissional para cortar os galhos da árvore e abriu o estabelecimento para cobrir com lona alguns dos móveis.
“Viemos tirar a árvore e cobrir as coisas. Vamos ficar uns dias fechados agora, redirecionamos a equipe para as outras duas unidades”, contou. A última sala da galeria estava vazia e ficou completamente destruída, com teto arrancado e portas de vidros quebradas.
Além das árvores pela cidade, a falta de energia em 34 bairros também fez muito campo-grandense procurar ajuda de um eletricista. Na profissão há mais de 30 anos, Carlos Alexandre Benevides, de 52 anos, conta que desde ontem as ligações aumentaram muito, a maioria com reclamações de falta de amparo.
“A grande maioria oriento pelo telefone para aguardar a Energisa, pois os problemas são consequências do vento e de mau contato nos conectores do padrão de entrada de energia. Mas também tivemos chamados de queima de placa, sistema de câmera e cerca elétrica, de vários eletrodomésticos”, contou.