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Dirce já desconfiava que Pâmela não era a "pessoa certa" antes de dívida surgir

Vizinha de Dirce e agente de saúde contam também como Pâmela reagiu depois do "desaparecimento" de idosa

Paula Maciulevicius Brasil e Bruna Marques | 11/02/2021 10:24
Vizinha de Dirce conta cronologia dos fatos, desde quando idosa descobriu dívidas até desaparecimento e corpo ser encontrado. (Foto: Marcos Maluf)
Vizinha de Dirce conta cronologia dos fatos, desde quando idosa descobriu dívidas até desaparecimento e corpo ser encontrado. (Foto: Marcos Maluf)

"No começo ela estava feliz da vida de ter encontrado a Pâmela, mas depois desconfiava que não era a pessoa certa pra ela". As frases são de Adriana Alves da Silva, vizinha e amiga de Dirce, a idosa morta por Pâmela Ortiz em fevereiro de 2019. As duas dividiram a rua onde moravam e também amizade por cinco anos.

Durante o tempo em que viviam lado a lado, a vizinha conta que era frequente ir até a casa de Dirce e que nessas visitas, chegou a ver Pâmela pelo menos três vezes lá. "Ela contava que a Pâmela tinha ido lá e que elas foram em algum lugar", recorda.

A desconfiança em Pâmela por parte da idosa ganhou força depois que Dirce embarcou no "táxi da vovó" para comprar um fogão e teve ajuda da assassina na escolha. A partir daquele momento o cartão sumiu. "Só apareceu quando tinha dívidas no nome. Aí ela ligou para Pâmela, porque ela havia sumido, e a Pâmela disse 'vou aí pra gente resolver, não fica nervosa'. E ela resolveu de uma forma bruta", descreve a vizinha.

Na data que antecede o crime cometido no dia 23 de fevereiro de 2019, um sábado, Dirce teria passado o dia todo fora para resolver a questão do cartão junto de Pâmela. "Na sexta-feira ela falou que não tinha resolvido nada e que amanhã, no sábado, iria resolver. Ficou combinado e ela ficou esperando a Pâmela. Eu fui trabalhar e liguei no fixo dela para saber se a Pâmela tinha ido, não atendia o dia todo. Passei lá, não tinha ninguém, domingo voltei e também não tinha ninguém. Comecei a me preocupar, aí comuniquei os vizinhos", relata Adriana.

Pâmela ainda teria falado a vizinhos que tentou buscar a "vovozinha", mas que ela se negou a entrar em carro. (Foto: Marcos Maluf)
Pâmela ainda teria falado a vizinhos que tentou buscar a "vovozinha", mas que ela se negou a entrar em carro. (Foto: Marcos Maluf)

Foi ela quem ligou para o agente de saúde da região que disse que dona Dirce tinha combinado de ir para uma chácara com a Pâmela. O que gerou suspeita em Adriana porque a vizinha não era de dormir na casa dos outros. Segunda-feira ela voltou a ir atrás de Dirce, e sem resposta, procurou a Polícia. Ainda no depoimento ao júri, ela contou que ligou para Pâmela durante todo o domingo, mas que não foi atendida.

Conforme as testemunhas, Pâmela apareceu depois e disse que "a vovozinha não está comigo, combinei de pegá-la, mas ela não quis". A assassina ainda se prontificou de ir à casa de Dirce.

Na segunda-feira, dia 25, o corpo de Dirce foi localizado.

O agente de saúde, Welington Flores Caetano Fraga, também foi um dos ouvidos na manhã de hoje. Ele conhecia dona Dirce há três anos e passava pelo menos uma vez por semana na casa da idosa. "Ela contava muita coisa pra mim, por ser idosa, gostava de conversar e eu dava atenção", disse.

O agente narrou que antes de conhecer Pâmela, que fazia o serviço de taxista para ela, Dirce costumava pegar táxi para ir a locais mais distantes. Ele também comentou que chegou a ver a assassina na casa da idosa algumas vezes, geralmente saindo.

"Ela chegou a comentar que apareceram gastos de Mc Donald's no cartão dela e também de posto de gasolina, eu perguntei: 'será que não clonaram?' Ela disse que não e que chegou a perguntar para Pâmela que negou, mas depois descobriu que ela tinha usado mesmo", conta.

A última vez que o agente viu Dirce foi dois dias antes do crime. As vizinhas conseguiram imagens de câmera de segurança da rua que mostraram Dirce saindo com Pâmela de casa no final de semana do assassinato.

"Eu fazia visita constantemente para ela, ela tinha um coração bom, não tinha muitos amigos, porque era meio teimosa e sistemática, e por essa razão a gerente me instruiu a passar mais vezes na casa dela", resume o agente.

O caso - Pâmela está presa desde 25 de fevereiro de 2019, quando confessou à polícia ter agredido Dirce Santoro Guimarães até à morte. O corpo de Dirce foi encontrado nos fundos da fábrica do Indubrasil, região oeste da cidade, coberto de lixo.

Pâmela alegou que usou cartões da idosa para fazer compras em lojas de departamento da Capital e no dia do crime acabou discutindo com ela por conta da dívida, de aproximadamente R$ 1 mil. Durante a briga Dirce tentou sair do carro em movimento, mas caiu.

Nervosa, Pâmela também desceu do veículo, segurou a idosa pelo cabelo e bateu a cabeça dela várias vezes contra o meio-fio. Ela não só detalhou o assassinato, como afirmou que ao perceber o que tinha feito, arrastou o corpo para debaixo de uma árvore para tirar a vítima do sol.

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