Direção do Regional libera médico para prescrever "kit prevenção" contra covid
No comunicado, direção informa que hospital não adotará protocolo único, mas deixará a critério do médico, com aval do paciente
O Hospital Regional de MS não irá implantar protocolo para uso dos medicamentos de prevenção ao novo coronavírus (covid-19), o “kit prevenção”, que deve ser liberado pela prefeitura de Campo Grande. A diretora-presidente do HR, Rosana Leite de Melo, porém, autorizou a prescrição, conforme avaliação individual do médico e consentimento do paciente.
O veto do protocolo único pelo HR foi baseado na falta de estudos que comprovem eficácia e a dúvida no corpo clínico da instituição, evidenciada após enquete com 106 dos 432 médicos que trabalham no hospital.
O comunicado internado foi distribuído na última segunda-feira (6), sendo assinado pela diretora-presidente, direcionado ao corpo clínico do HR. O esclarecimento foi feito após “inúmeros questionamentos” surgidos a partir da liberação do “kit prevenção” para prescrição que deve ser adotado em Campo Grande.
No kit, está previsto constar hidroxicloroquina 400mg ou cloroquina 250mg, azitromicina 500mg ou claritromicina 500mg e ainda a ivermectina 6mg. O medicamento seria usado como preventivo para contactantes (pessoas que tiveram contato com infectados) ou para doentes assintomáticos.
A prefeitura até vai receber lote de 10 mil comprimidos de hidroxicloroquina, liberados após pedido feito ao governo federal e que irá compor o kit. O protocolo ainda não foi oficializado ou liberado, mas o prefeito Marquinhos Trad (PSD) já avisou que ele não será distribuído, apenas estará à disposição para prescrição médica na rede pública.
No documento, Rosana Leite diz que o vírus é pouco conhecido e ainda está sendo objeto de muitos estudos e cita orientação do Ministério da Saúde para manuseio de medicamentos para pacientes com covid-19.
“Apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de possuíram atividade in vitro [laboratorial] demonstrada contra coronavírus, ainda não há metanálises (...) que comprovem o benefício inequívoco dessas medicações para o tratamento da covid-19”. A nota do ministério informa que fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária, também, a vontade declarada do paciente.
Seguindo esse entendimento, o HR não irá adotar protocolo único, mas deixará ao encargo do médico, com aval do paciente, a prescrição do “kit prevenção”.
A direção chegou a fazer pesquisa de opinião com os médicos do hospital. Dos 432 integrantes do corpo clínico, apenas 106 responderam. Dos votantes, 50 (47%) foram a favor da implantação da profilaxia e 56 (52,83%) são contra. O resultado, segundo Rosana, mostrou que é tema polêmico que ainda divide os profissionais, o que também estaria indicado no alto número de abstenções.
“Pelo exposto, não haverá a implantação de ‘protocolo’ de profilaxia neste nosocômio, porém, respeitaremos os direitos e deveres dos profissionais médicos com a observância irrestrita das normas legais vigentes”.
O uso do kit é polêmico, divide infectologistas e foi criticado pelo secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende, que distribuiu mensagem, via WhatsApp, falando sobre a “falsa sensação de segurança” proporcionada pelos medicamentos.