Dirigente de asilo está impedida de ter contato com idosos
Investigada não perdeu cargo de presidente, mas não pode ir até a Casa para cumprir medida protetiva
Dirigente de asilo que foi denunciada pelo Ministério Público por maus-tratos a idosos foi afastada da instituição depois de decisão judicial em processo que tramita em segredo de justiça.
Depois de reportagem do Campo Grande News, a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) e o CMI (Conselho Municipal do Idoso) também se manifestaram sobre a situação e a secretaria já vistoriou o local e o conselho, por sua vez, informou que vai suspender a ampliação de serviços do asilo, que estava em análise.
Com 18 idosos atendidos lá, a Casa do Aconchego – antiga Casa de Abraão – no Jardim Taveirópolis, há duas ações tramitando sobre a entidade.
Em uma delas, que tem pedido de medida protetiva de não contato da presidente, Suely Gomes dos Santos, com os internos, a juíza da Vara da Infância, da Adolescência e do Idoso de Campo Grande, Katy Braun, o deferiu.
Assim, Suely não perdeu o cargo de dirigente da entidade, mas não pode ir até a Casa pois deve manter distanciamento de, no mínimo, de 300 metros de cada uma das pessoas internadas lá, ficando impedida de ter contato com eles.
Em nota, a SAS informou que está acompanhando o caso via MP e Justiça e que “equipe da Vigilância Socioassistencial do Suas (Sistema Único de Assistência Social), foi ao local para monitorar a execução do Serviço de Acolhimento Institucional”. A atitude visa “preservar os direitos dos idosos acolhidos”.
No entanto, a secretaria sustentou que não cabe a ela interferir na gestão da ILPI (Instituição de Longa Permanência de Idoso), já que “toda a tratativa processual está sendo conduzida pelo MPMS”.
Já o Conselho Municipal do Idoso definiu a denúncia como “grave” e que em reunião extraordinária da Mesa Diretora “deliberou por suspender a concessão da inscrição temporária de ampliação de serviços da Instituição de Longa Permanência Casa de Aconchego no tocante do Centro Dia até que todos os fatos sejam totalmente esclarecidos”.
Confusão – a Casa do Aconchego, localizada no bairro Taveirópolis, é a mesma instituição onde no ano passado, cinco idosos morreram com covid-19. Na ocasião, a entidade chamava-se Casa de Abraão e era dirigida por uma Associação de Amigos.
No começo de 2021, outro grupo assumiu o local, que passou a ser chamado de Casa do Aconchego. Tanto, que na petição do MP que pede a busca e apreensão no local para produção de provas, a promotora Cristiane Barreto Nogueira Rizkallah, da 44ª Promotoria de Justiça, faz essa ressalva.
“Necessário esclarecer que a referida ILPI era antes denominada Casa de Abrãao, e, após extinção da Associação dos Amigos da Casa de Abraão, entidade que a administrava, passou a ser administrada por outra entidade e recebeu o nome de Casa do Aconchego, sendo Suely escolhida para presidir a ILPI”.