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Capital

Dom Dimas aconselha retiro de silêncio ou pescaria no Carnaval

Aos 64 anos, Dom Dimas também é categórico ao dizer que vai se vacinar sim e que é preciso acreditar na ciência

Paula Maciulevicius Brasil | 07/02/2021 09:35
Dom Dimas aconselha retiro de silêncio ou pescaria no Carnaval
Arcebispo espera sua vez de chegar a vacina e recomenda retiro do silêncio aos fieis e pescaria. (Foto: Henrique Kawaminami)

Tem recomendação do arcebispo de Campo Grande para todo mundo no Carnaval. Se for fiel e fizer questão do retiro, que faça o "do silêncio", se não for, a pescaria é uma boa opção. Dom Dimas Lara Barbosa, de 64 anos, também se manifesta a favor da vacina e da ciência, e é contra as ideologias políticas que pregam o negacionismo. A conversa que ele teve com o Campo Grande News foi durante o culto ecumênico da saudade realizado na última sexta-feira (5), na Santa Casa.

Dom Dimas foi o único da casa onde mora a não contrair a covid-19. Os colegas, como ele se refere a Dom Mariano e Padre Marco Antônio tiveram, mas ele acredita que não esteja blindado e sim no papel de tutor. "Eu estou tutoriando".

A poucos dias do Carnaval, quando questionado que recomendação daria à população de Campo Grande, ele responde com outra pergunta: "ué, mas vai ter Carnaval?" Sim, as festas realmente de rua não devem acontecer, pelo menos as realizadas pelo poder público ou blocos independentes, no entanto, o Governo do Estado manteve o ponto facultativo aos servidores públicos, o que significa viagens confirmadas.

Dom Dimas aconselha retiro de silêncio ou pescaria no Carnaval
Dom Dimas esteve em cerimônia ecumênica na Santa Casa. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na Igreja Católica, Dom Dimas fala que os acampamentos estão suspensos há um ano, já os retiros seguem acontecendo, mas cumprindo protocolos sanitários. "Eu mesmo fiz um retiro, éramos 10 bispos fazendo, de modo que o distanciamento é perfeitamente controlado", defende.

Ainda segundo o arcebispo, algumas comunidades de Campo Grande seguem realizando retiros, mas sem pernoitar e com comida trazida de casa. "Levam marmitex, então não tem o manuseio de talheres e ficam só meio expediente. É possível manter atividades no caso da igreja sem risco considerável? É. Basta manter as regras de higiene como álcool em gel para todo mundo e distanciamento", sustenta.

Para o Carnaval, Dom Dimas diz que não sabe se alguma comunidade católica fará retiro, mas que se fizerem, basta seguir as mesmas regras válidas para missa. "Ou seja, 40% do espaço ocupado, evita-se, naturalmente, os braços e as brincadeiras de roda que se faz sempre. Tem que ser uma coisa um pouco mais sóbria, como um retiro de silêncio", aconselha.

No retiro de silêncio, não é que não se pode falar em nenhum momento, os dias que Dom Dimas descreve ter feito foram divididos em duas colocações, uma de manhã e outra à tarde, mas em praticamente todo o tempo era cada um no seu canto, com sua reza e a leitura de textos bíblicos.

"Retiro de silêncio em que as pessoas não se mesclem", repete a recomendação. Na visão do arcebispo, num ambiente controlado como de um retiro, se consegue manter o distanciamento. "Agora se as pessoas bebem, vem por cima de você e te abraçam, aí já é um pouco mais complicado", analisa.

Dom Dimas aconselha retiro de silêncio ou pescaria no Carnaval
Dom Dimas alerta também para o perigo da covid-19 e de se deixar levar por ideologias. (Foto: Henrique Kawaminami)

Dom Dimas pede um cuidado redobrado e para que as pessoas descubram outras formas de se divertir. "Nada como uma boa pescaria, um esporte sem contato físico ou aglomerações, e para aqueles que querem algo mais espiritual, brincadeiras em família", cita.


Vacina - Sobre a imunização, Dom Dimas diz que está esperando chegar a sua vez. "Se Deus quiser, vou ser vacinado". No contexto atual, de desconfiança em cima da vacina, Dom Dimas fala que infelizmente existe essa discussão, mas que não estamos numa posição de negar a imunização.

"Conheço muitos cientistas, professores de Medicina e muitos deles têm reticências por conta do que estão acostumados, de gastar 10 anos fazendo uma vacina e eles acham que está sendo quebrado algum protocolo, mas nós estamos numa guerra e em situação de guerra, a gente trabalha com as armas que tem".

Se mostrando atento às pesquisas e aprovações em todas as fases, Dom Dimas fala que só não endossaria uma vacina se não estivesse passado pela terceira fase e chama a atenção para as instituições brasileiras.

"Eu acredito no Butantan e acredito na Fiocruz. Se não acreditarmos nas instâncias científicas que temos no País, aí sim vamos estar declarando nossa dependência total dos outros países", afirma.

Parafraseando o Papa João Paulo II, Dom Dimas diz que "fé e razão são como que duas asas que elevam o espírito na busca da verdade. Então, a gente tem que fazer o uso das duas asas e a ciência tem o seu lugar. Acho muito perigoso se eu me deixar guiar apenas por motivos ideológicos ou políticos, ou seja, para mim a pandemia é uma realidade e é uma doença grave", declara.

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