Dono de empresa investigada pela PF ameaça de morte diretor de jornal
O empresário Fabrício Freitas, 41 anos, dono da empresa Planeta ABC Soluções em Educação, suspeita de irregularidades em licitações investigadas na Operação Toque de Midas, da Polícia Federal, ameaçou de morte e agrediu verbalmente o diretor do Campo Grande News, Lucimar Couto, na manhã desta sexta-feira (5).
A agressão, dentro da sede do jornal, no Jardim dos Estados, ocorre dois dias após notícias sobre a operação serem publicadas pelo jornal. A empresa de Freitas é suspeita, segundo a Polícia Federal, de integrar esquema para fraudar licitações de compras de livros didáticos e kits escolares à prefeitura de Paranhos, município 469 km ao sul de Campo Grande.
Freitas chegou à sede do jornal, nesta sexta, pedindo para falar com o diretor. Minutos depois, foi atendido e, já na sala da diretoria, passou a ameaçar o empresário e jornalista Lucimar Couto.
Aos berros, Freitas dizia repetidamente que pretendia matar o dono do Campo Grande News. “Vou meter uma bala na sua cara”, disse.
Freitas, em seguida, partiu para cima do diretor e chegou a derrubar o computador da mesa, momento em que foi contido pelo gerente da empresa, Samuel Echeverria, e outros funcionários.
Relutante em deixar o prédio, ainda acabou ferindo a mão esquerda de uma funcionária – ela foi levada ao Instituo de Medicina e Odontologia Legal para fazer exame de corpo de delito. Levado para o lado de fora do jornal, o dono da Planeta ABC continuou com ameaças de morte e agressões verbais.
A Polícia Militar, então, foi acionada e levou Freitas à Depac Centro (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário). O dono do jornal, o gerente e a funcionária ferida foram à delegacia para prestar queixa.
Toque de Midas – O esquema que envolve a Planeta ABC, dizem os federais, rendeu pelo menos R$ 700 mil aos participantes, mas as fraudes podem somar mais de R$ 1 milhão. Cada livro que ele vendia para o Poder Público custava o equivalente a quatro, afirmam os investigadores.
A investigação constatou que a Planeta ABC, junto com outra empresa, que não teve o nome divulgado, direcionava licitações, usando para isso concorrentes fictícios, de forma a sempre sair vencedora, combinava e superfaturava os preços dos contratos.
O Campo Grande News acompanhou parte da operação na quarta-feira (3), que incluiu uma batida na empresa de Freitas, na Rua Antônio Maria Coelho, na Capital. Na ocasião, a reportagem inclusive conversou com o empresário.
Ele disse que o superfaturamento identificado pela PF, de até 368%, era porque outros custos estavam embutidos no preço dos livros, como contratação de equipe de assessoria e formação de professores.