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Capital

"Doutora" que prometia bocão atuava há 1 ano e comprava ácido em rede social

Caso foi parar na polícia após quatro mulheres terem reação alérgica ao produto

Por Dayene Paz e Bruna Marques | 20/09/2024 12:02
A boca de uma das pacientes após o procedimento devido à reação alérgica (Foto: Direto das Ruas)
A boca de uma das pacientes após o procedimento devido à reação alérgica (Foto: Direto das Ruas)

Ana Carolina Brites, de 27 anos, falsa biomédica que fazia procedimentos de botox e preenchimento labial já atuava há um ano em Campo Grande. Ela comprava o ácido hialurônico, utilizado nos procedimentos, de uma pessoa que conheceu nas redes sociais. O caso foi parar na polícia após quatro mulheres terem reação alérgica ao produto e, nesta sexta-feira (20), Carolina acabou levada para a delegacia depois de operação policial. Das quatro vítimas, duas registraram boletim de ocorrência.

Diante da gravidade do caso, a polícia começou as investigações, e hoje cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Ana Carolina e na clínica onde atuava, na Rua Antônio Maria Coelho. Foram apreendidas caixas, onde ficavam os produtos, e também seringas descartadas incorretamente. "Também outros preenchedores que ela não podia ter comprado por falta de habilitação na área", disse a delegada Bárbara Camargo, da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande.

Após cumprir os mandados, a delegada conversou com a imprensa e deu detalhes do crime. Ela explicou que Ana Carolina se apresentava como biomédica nas redes sociais. "Ela chegou a cursar biomedicina, mas não finalizou, não tem formação com estética. Será que essas mulheres que se submeteram ao procedimento topariam se soubessem que ela não era biomédica?", questionou Bárbara.

Caixa de produto utilizado por falsa biomédica. (Foto: Henrique Kawaminami)
Caixa de produto utilizado por falsa biomédica. (Foto: Henrique Kawaminami)

O ácido, segundo a delegada, foi comprado de forma irregular. "De uma pessoa que conheceu na rede social". Foram encontradas notas de alguns produtos, mas a polícia investiga se os mesmos são contrabandeados. "Vamos verificar a procedência desses medicamentos e, confirmado se forem contrabandeados, falsificados, ela responderá por crime de posse de medicação sem autorização da Anvisa". No caso em que deu reação nas pacientes, a polícia apura se há algum problema no lote desses produtos.

Na delegacia, Ana confirmou que não tinha formação nenhuma na área, mas desconhecia que não podia atuar com tais procedimentos. O valor cobrado por ela era bem abaixo do mercado, segundo a polícia. Uma das mulheres pagou R$ 350, outra R$ 500 e Carolina até fez permuta, no valor de R$ 600, com outra paciente, trocando por serviços de unha e cílios.

As pacientes que tiveram reação estão sendo acompanhadas por profissionais da área, como alergistas. Elas também tomaram medicamento antídoto para dissolver o ácido aplicado.

Carolina atuava há um ano como biomédica, mas na clínica na Antônio Maria Coelho, estava há seis meses. "Representamos para o juiz a suspensão da atuação dela na área de estética, e está proibida judicialmente de atuar", disse Barbara. Na delegacia, a falsa biomédica foi ouvida e liberada, sendo indiciada por exercício ilegal da profissão e lesão corporal.

A polícia alerta para que as pessoas interessadas nos procedimentos procurem profissionais habilitados. "Procurem nos Conselhos, onde há consulta pública, para saber se esses profissionais têm formação, registro", finaliza a delegada.

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