"Ele não aceitou o fim", diz mulher que correu de ex e foi atingida por tiros
Vítima de tentativa de feminicídio, em 2020, jovem foi ouvida em julgamento hoje
Ademar dos Santos Guimarães, de 31 anos, senta no banco dos réus nesta quinta-feira (12), em Campo Grande, por tentar matar a ex-companheira, Leilaine Olinda Fernandes Souza, de 18 anos, a tiros, em janeiro de 2020. A jovem, que sobreviveu ao atentado, foi ouvida durante o julgamento. "Ele não aceitou o fim", revelou diante ao juiz Carlos Alberto Garcete.
No tribunal, Leilaine contou do relacionamento de aproximadamente um ano com Ademar e dos momentos que antecederam a tentativa de assassinato. Ela revela que durante o período que conviveram, Ademar se mostrou um homem ciumento. "Ele tinha muito ciúme, possessivo, eu não queria mais", disse, confirmando que o relacionamento era baseado em brigas e que já sofreu agressões.
O casal estava separado há aproximadamente três meses. "Estávamos separados, tentamos voltar, mas não deu certo e eu falei que era melhor a gente ficar separado. Foi quando ele falou 'tudo bem, você vai se arrepender', foram as últimas palavras que ouvi da boca dele", lembra.
Na data do crime, Leilaine foi até a casa de uma amiga e depois de aproximadamente 40 minutos, Ademar chegou ao local. "Eu estava sentada na cadeira, ele veio de moto e tirou o revólver. Em momento algum tirou o capacete, mas eu reconheci que era ele, pois a gente já tinha convivido por algum tempo", disse.
Nesse momento, ele apontou o revólver para a cabeça da vítima e no primeiro disparo, a arma falhou. "Foi o tempo que eu consegui correr e ele acertou um tiro nas minhas costas. Continuei correndo, quando disparou outro que foi o de raspão. Eu corri para o mato, onde tinha criança, mulher grávida, então acho que ele ficou meio assustado, pegou a motocicleta e foi embora", lembra. A jovem ficou três dias internada e teve a bala retirada das costas.
Família do réu acompanha o júri - A família de Ademar acompanha o julgamento desta quinta-feira. A irmã dele, a ajudante de produção Guiomar dos Santos Guimarães, de 35 anos, confirmou que mesmo morando em Sidrolândia, sabia das brigas constantes do casal. "No começo, é mil maravilhas, depois que começou as brigas. No dia, ele me ligou, falou que tinha sem querer atirado", conta a irmã.
O pai dele, pedreiro Lauro Lopes Guimarães, de 54 anos, espera que o filho saia livre hoje. "Esperamos que Deus entre com providência, que ele tenha liberdade e volte a trabalhar no meio da sociedade. Errar é humano e permanecer no erro é burrice. Esperamos que Deus faça uma mudança na lei e na vida dele", afirmou.