Em campanha com cantor Mariano, procuram-se doadores de plasma contra covid-19
Estudo pretende coletar plasma de 80 a 100 doadores, componente que será usado em pacientes graves da covid-19 em MS
O cantor Mariano, da dupla Munhoz e Mariano, foi o primeiro doador de plasma, a parte líquida do sangue que será aplicado em pacientes graves do novo coronavírus (covid-19). O estudo começou hoje, com previsão de angariar o apoio de 80 a 100 doadores.
O tratamento faz parte de pesquisa, encabeçada Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), com parceria do governo do Estado. As coletas serão feitas no Hemosul, em Campo Grande.
O infectologisa da Fiocruz, Julio Croda, é o responsável pelo estudo em Mato Grosso do Sul. A intenção é atrair de 80 a 100 doadores, homens que já tiveram covid-19 e estão curadas há mais de 15 dias. Croda diz que a especificação é por conta do tipo de anticorpo encontrado no sistema imunológico de pessoas do sexo masculino.
Mariano foi o primeiro doador. Diagnosticado com covid-19 em março, não apresentou sintomas da doença e se tratou em casa. Agora, é o primeiro voluntário do estudo. “Estou muito feliz em saber que posso ajudar de alguma forma”, disse hoje, na porta do Hemosul, antes de fazer a doação do plasma.
Mariano defendeu o isolamento social, dizendo que é primordial, mesmo para quem está doente e não apresenta sintomas. “Quem é assintomático pode transmitir a doença, imagine a culpa em saber que pode-se infectar alguém, as pessoas precisam cuidar da higiene e ficar em casa”.
A coleta é feita por processo denominado aférese, pelo qual o sangue é retirado da pessoa, com separação dos componentes, retendo a porção que se deseja retirar, neste caso, o plasma e devolvendo o restante ao doador.
Julio Croda diz que essa material coletado será destinado, inicialmente, a 40 pacientes graves internados no Hospital Regional e no Hospital Universitário. Cada paciente receberá uma dose aproximada de 10 mL/kg/dia de plasma convalescente (600 mL/dia para osadultos), por 3 dias consecutivos.
A alocação aleatória dos envolvidos em dois grupos, controle (tratamento convencional, dito “de suporte”) e experimental (receptores de plasma convalescente), será feita por sorteio eletrônico. Além dos 40 que receberão o plasma, do grupo transfundido, serão mais 80 do grupo controle, totalizando 120 pessoas.
O estudo vai trabalhar com a hipótese de que a transfusão de plasma de doador convalescente da Covid-19 poderá resultar em evolução clínica mais favorável e aumentar a taxa de sobrevida de indivíduos com acometimento grave pela doença. A avaliação deve durar de dois a três meses.
O secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende, disse que a entrada no estudo atende pedidos de pesquisadores de Mato Grosso do Sul para que região seja referência para coleta de plasma para pacientes críticos.
Os interessados devem procurar o Hemosul. Somente podem participar homens, já curados da covid-19 e que seguem as normas já estabelecidas para doação de sangue. O processo de retirada do plasma demora até 1h20.