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Capital

Em depoimentos, suspeitos de execução filmada negam que sejam do PCC

Jovens são suspeitos de executar e esquartejar Richard Alexandre Lianho

Luana Rodrigues e Mirian Machado | 28/08/2017 15:26
Dois dos três suspeitos prestaram depoimento nesta sala do Fórum. (Foto: Mirian Machado)
Dois dos três suspeitos prestaram depoimento nesta sala do Fórum. (Foto: Mirian Machado)

Em depoimento ao juiz Carlos Alberto Garcete, na tarde desta segunda-feira (28), os três suspeitos pela execução de Richard Alexandre Lianho, negam que tenham praticado o crime a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital). O jovem foi morto em fevereiro deste ano. Um vídeo com imagens da execução circula pela internet.

A audiência começou por volta das 13h. Não foi permitido fazer foto, nem vídeo dentro da sala, mas uma equipe do Campo Grande News acompanhou os depoimentos. Um dos ouvidos na audiência foi Matheus Gonçalves Martins de 18 anos. Ele disse que fez um perfil falso numa rede social, se passando por uma mulher, para atrair Richard até a casa dele. Quando o rapaz chegou, ordenou que ele sentasse no sofá e o amarrou com cadarços. Depois o colocou no porta-malas de um carro e levou até a região do Céuzinho, onde o executaram.

Questionado pelo juiz sobre os motivos pelos quais esquartejou a vítima, ele afirmou que "apenas fez o que mandaram fazer" e acusou Leandro de Oliveira, o HB20, como mandante. O rapaz negou que tenha praticado o crime a mandou do PCC, disse ainda que não é membro da facção.

Outro suspeito, Rafael Da Silva Duarte 24 anos, prestou um depoimento bastante contraditório. Ele negou todas as acusações do processo. Afirmou que foi violentado na delegacia e obrigado a assinar um depoimento sem ler o que estava escrito. "Eu tô falando a verdade para o senhor", disse ao ser questionado quanto a diferença nos depoimentos.

Duarte afirma que sequer esteve no local do crime e apenas emprestou o próprio carro aos suspeitos, porque era amigo de Matheus. Negou por repetidas vezes que seja membro de alguma facção e disse que está sendo ameaçado na prisão.

Já Murilo Menezes Magalhães, 18 anos, que está internado na Unei (Unidade Educacional de Dourados), prestou depoimento por videoconferência. Ele confessou que atirou uma vez na cabeça de Richard e que filmou tudo, porque 'agiu na emoção' . Mas desmentiu a informação de que Matheus havia criado um perfil falso para atrair o rapaz.

Segundo ele, foi Naiara Carolina Menezes Lopes, 22 anos, quem atraiu o rapaz, sem saber que iriam matá-lo. Ele também disse que não faz parte do PCC.

De acordo com o juiz, Murilo e Matheus, que eram adolescentes na época do crime, já cumprem medidas de internação. Rafael está preso preventivamente. Todas as testemunhas do caso já foram ouvidas. Um laudo feito no vídeo da execução deve ficar pronto em dez dias, quando o juiz decidirá o destino dos presos.

Criminosos fizeram vídeo de execução de Richard. (Foto: Reprodução)
Criminosos fizeram vídeo de execução de Richard. (Foto: Reprodução)

Morte filmada -O crime teria ocorrido na terça-feira, 14 de fevereiro, e os suspeitos acabaram presos na quarta-feira (15). Em razão da atrocidade mostrada, o Campo Grande News não publicou as imagens da execução, que circulam pela internet, apenas relatou as cenas.

Com pouco mais de um minuto, o vídeo começa com o jovem, ainda não identificado pela polícia, de joelhos. Logo nos primeiros segundo, o rapaz começa a repassar uma espécie de recado: “Pra todo mundo, todos os CV (Comando Vermelho), que tá em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na penitenciária aí, na rua, parça aí tudo jogado, tá ligado? O que tá acontecendo comigo vai acontecer com vocês também, mano”. (sic)

Assim que ele termina de falar, a câmera deita para o lado e é possível ver o braço de alguém empunhando um revólver. Alguém ao fundo pergunta: “pode dar o primeiro?”. Enquanto a vítima abaixa a cabeça lentamente, a arma é engatilhada e o primeiro tiro disparado, direto na cabeça do rapaz, que cai com o rosto no chão.

Disparados sucessivamente, cinco tiros acertam a vítima, que também é xingada: “CV filho da p...”. Já executado, o homem ainda recebe chutes na barriga e costas.

Nos segundos seguintes da gravação, um dos autores surge com uma faca e começa a cortar o braço esquerdo do rapaz, pelo ombro. Parte do membro é dilacerada. Começa o corte do lado direito.

Sem que os membros sejam completamente arrancados, os criminosos interrompem o esquartejamento, puxam a vítima pelos pés e dizem: "vamos jogar ele lá!".

Antes que a gravação seja finalizada, um último anúncio é feito: “aí o CV ó, tá aí pra todo mundo vê, olha o CV ai ó, dentro da nossa quebrada aqui. Aqui é Mato Grosso do Sul! Eu quero que vocês vem pra cá, aí ó (sic)”. A gravação é finalizada.

O corpo de Richard foi encontrado preso a galhos de árvores, no penhasco da cachoeira do local conhecido como Céuzinho, a 800 metros da MS-080, saída para Rochedo.

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