Em rua, morador é obrigado a criar “mata-burro” para entrar em casa
Há seis anos morando na Rua Miguel Sutil, no Jardim Mansur, em Campo Grande, o caminhoneiro Domingos Pascoal Clemente, 62 anos, sempre conviveu com transtornos conhecidos por quem mora em uma rua sem asfalto. No entanto, devido a intensidade das chuvas nas últimas semanas, ele, que vive na região do bairro Vilas Boas, viu-se obrigado a improvisar uma espécie de mata-burro – dispositivo que funciona como ponte e impede a fuga do gado em propriedades rurais – para conseguir entrar na garagem da própria casa.
“Choveu muito e a água foi abrindo essas valas. O carro ficou até interditado e não entrava em casa. Tive que aterrar e fazer essa espécie de ponte na semana passada”, conta. Pascoal afirma que os buracos formados no caminho ultrapassavam os 70 centímetros e chegavam até a expor a tubulação de água da rua.
A situação é inusitada, afinal, Pascoal nunca precisou improvisar um mata-burro ou ponte. Mas essa foi a única solução encontrada por quem já ficou impedido de entrar de carro na própria residência por três ou quatro vezes.
O mesmo problema das enormes valas formadas pela enxurrada da chuva também atrapalham os vizinhos de Pascoal. O empresário Vanderlei Ribeiro, 51, também avalia como “difícil” a situação de quem precisa passar pela Rua Miguel Sutil em dias de mau tempo.
“Esses buracos sempre aparecem. É perigoso até alguém cair a pé e se machucar. O prefeito daqui se esqueceu de nós”, lamenta.
Abandono da prefeitura? – O secretário municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (Seintrha), Semy Ferraz, foi procurado pelo Campo Grande News para comentar a situação de ruas como a Miguel Sutil, que não oferecem condições de tráfego de veículos.
Semy contou que em abril deste ano a Prefeitura de Campo Grande solicitou R$ 500 milhões, para o Ministério das Cidades, para serem investidos em obras de drenagem e pavimentação da Capital.
“Fizemos o projeto e pedimos o dinheiro. A carta-crédito foi selecionada pelo governo e aguardamos a liberação do recurso. Não sabemos a quantidade que será liberada, mas essa verba deve sair no próximo ano”, disse.
O secretário ainda defendeu a ideia de que o perímetro urbano da Capital não pode ser aumentado indiscriminadamente, já que o solo da cidade é arenoso e em tempos chuvosos crateras e valas formam-se facilmente nas ruas sem pavimentação.
Ele ainda lembrou que Campo Grande possui 1,5 mil quilômetros de ruas sem asfaltos e que vias com maior densidade habitacional serão priorizadas em obras de pavimentação, que é uma solução definitiva para casos como a Rua Miguel Sutil.