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Comportamento

Famílias inteiras aproveitam Carnaval para fazer uma renda extra

Sem rede de apoio, opção dos ambulantes é levar até os filhos, mas trabalho infantil é proibido

Por Gabriela Couto e Geniffer Valeriano | 09/02/2024 17:58
Claudia, Leondas e Maria já estavam preparados para o primeiro dia de vendas no Carnaval da Esplanada Ferroviária (Foto: Geniffer Valeriano)
Claudia, Leondas e Maria já estavam preparados para o primeiro dia de vendas no Carnaval da Esplanada Ferroviária (Foto: Geniffer Valeriano)

O Carnaval, além de ser uma grande festa popular brasileira, é também oportunidade de ouro para milhares de pessoas ganharem uma renda extra. Em Campo Grande, todos os anos, centenas de ambulantes se reúnem na Esplanada Ferroviária para lucrar vendendo bebida e comida aos foliões. Tem famílias inteiras encarando junto essa empreitada.

Até as crianças entram na onda, mas longe do serviço, já que isso é proibido. Inclusive, haverá força-tarefa para coibir esse tipo de prática. Muitos ali, cresceram vendo os pais na lida de ambulantes.

Quando não há opção para deixar as crianças, a decisão é levar os pequenos para ficar sob a supervisão dos pais, entre a venda de uma cerveja ou cachorro-quente. Essa foi a decisão da família de Cláudia Fonseca, 46 anos. Acompanhada do marido Leondas Deolondes, 52 anos, e de Maria Clara, 5 anos.

"Toca da Maria" estava pronta para a menina de cinco anos poder dormir quando cansasse (Foto: Geniffer Valeriano)
"Toca da Maria" estava pronta para a menina de cinco anos poder dormir quando cansasse (Foto: Geniffer Valeriano)

A pequena vai ter que acompanhar a avó que vende bebidas no local. “A gente sabe que isso não é a melhor opção, mas dessa vez foi preciso. Já trouxemos uma barraquinha de criança, montada com colchão, celular e comida. Assim ela não sairá de perto e quando quiser dormir, deita e fica quietinha”, explicou, Cláudia.

O pequeno Ravi, de 1 ano e seis meses, está indo ‘trabalhar’ no segundo Carnaval da sua vida. Ao lado de Marlene Vicente, 65 anos, Nando Rodrigues, 64 anos, e Vitoria Vicente, 25 anos, o menino tem acompanhado os perrengues que a família enfrenta para ter uma vida com melhor qualidade.

“É a segunda vez dele no Carnaval. Ano passado ele veio, quando tinha só seis meses. A avó dele vai ficar cuidando exclusivamente de Ravi”, conta a mãe Vitoria. Para aguentar a festa até o final, eles foram munidos de um chiqueirinho e deixaram o carro próximo do ponto de venda, como última alternativa para deitar o bebê.

Pequeno Ravi no colo é a terceira geração de criança que acompanha os pais em vendas da madrugada em eventos (Foto: Geniffer Valeriano )
Pequeno Ravi no colo é a terceira geração de criança que acompanha os pais em vendas da madrugada em eventos (Foto: Geniffer Valeriano )

Esta é a terceira geração acompanhando a luta dos mais velhos na madrugada. “Eu trabalhava no Bar Fly e não tinha com quem deixar a Vitória, mãe do Ravi. Então, ela acabava indo para os eventos. Agora é a Vitória que traz o Ravi. Ele é super tranquilo”, relatou Marlene.

A mãe da criança alega que é mais seguro tê-lo por perto. “Ele vem por falta de opção. Tenho medo de deixar com alguém que não conheço. Prefiro trazer porque vai estar mais seguro comigo. A gente vê muita notícia ruim envolvendo criança e não quero que isso ocorra com o Ravi”.

Nessas primeiras horas de sexta-feira (9) de Carnaval, os filhos de Rafael Lima, 30 anos, brincavam na rua, enquanto o pai armava a barraca de vendas de bebidas. “Não sei o que vou fazer ainda. Minha irmã viajou e em última caso vão ficar aqui, se distraindo com celular e dormindo no carro”.

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