Familiares antecipam ida aos cemitérios da Capital e pedem cuidado com túmulos
Antes do Dia de Finados, em 2 de novembro, familiares e vendedores já se planejam para a data
Nesta sexta-feira (28), a menos de uma semana para o Dia de Finados, em 2 de novembro, alguns familiares foram até os cemitérios públicos de Campo Grande prestar homenagens e fazer a manutenção de túmulos.
O aposentado Edil Rubens Chaves, de 74 anos, relata que vai anualmente ao Cemitério Santo Antônio, na Avenida Consolação, para visitar avó, mãe, padrinho, tio e amigos. Hoje, visitando o túmulo da mãe por conta do aniversário, que foi no último dia 26, ele aproveitou para levar dois pacotes de velas para todos os entes.
Edil conta que sempre que visita o local na Vila Santa Dorothéia e tira a vegetação que começa a crescer sobre os túmulos. Na opinião dele, que pretende voltar ao cemitério no Dia de Finados com a esposa e outros familiares, o local precisa de manutenção constante.
No Santo Amaro, na Avenida Presidente Vargas, a vendedora Maria Elizabeth Barros, de 65 anos, narra que vende flores artificiais há 20 anos, sempre no dia das Mães, Pais e de Finados. A partir de terça-feira, venderão no outro lado da rua.
Antigamente nós lucrávamos o triplo. Vinha muita gente e era tudo mais barato para comprar e montar. Hoje em dia, subiu muito o preço das coisas e a gente não pode repassar tudo para o cliente senão ficamos sem vender", explicou a vendedora Maria Elizabeth.
Ela comenta que investiu R$ 5 mil em flores e espera vender todo o estoque, mas nota que, nos últimos anos, cada vez menos pessoas têm visitado familiares e amigos nos cemitérios. Segundo ela, os jovens têm esse costume, diferente de pessoas mais velhas.
No ano passado, os cemitérios públicos de Campo Grande tiveram mais de 30 mil visitantes no Dia de Finados, celebrado no dia 2 de novembro.
Conforme apurado pela reportagem, a prefeitura de Campo Grande já começou a preparar os locais para receber visitantes neste ano e a expectativa é receber cerca de 35 mil pessoas. A manutenção é feita periodicamente, mas intensificada nas proximidades do feriado.
A responsabilidade das áreas de uso comum é pública, mas a limpeza de túmulos fica a cargo das famílias. Os cemitérios poderão ser visitados das 7h às 17h e ficam abertos todos os dias.
Manutenção - O aposentado Marcos Leonardo, de 63 anos, estava hoje pela manhã com sua esposa no Cemitério Santo Amaro para fazer a manutenção do túmulo dos avós, já que deve viajar no Dia de Finados. "Vim trazer uma placa nova de aço inox com o nome deles, porque a que tinha de alumínio foi furtada. Infelizmente, o cemitério anda sofrendo muito de vandalismo”.
“É triste ver a falta de respeito e o abandono da minha avó, que foi enterrada aqui em 1955 e nós tentamos manter os cuidados".
De baixa visão, ele precisou ser acompanhado pela esposa para não tropeçar nas calçadas do cemitério. "Lá fora, as calçadas são mais regulares. Aqui, se você anda pela calçada central, vê como é difícil de um deficiente visual andar sozinho".
Já o pedreiro Mauro dos Santos, de 62 anos, fazia manutenção para a família dos enterrados. Há 30 anos trabalha no local com serviços de construção, pintura, limpeza, jardinagem e até de coveiro, se preciso. "Faço sepultura, tudo certinho. Esse ano, 35 famílias já entraram em contato pedindo os serviços e estou faz duas semanas vindo para dar tempo de terminar até o Dia dos Finados”.
Meus materiais são a carriola, tinta e ferramentas que ficam ali no depósito do cemitério mesmo”, completa. Ele conta que iniciou os trabalhos de manutenção com 14 anos, quando trabalhava com o tio, como servente de pedreiro. Aos 16, ele já trabalhava como coveiro e assim continua até hoje.
"Quero ganhar um dinheirinho extra, até porque dinheiro nunca é demais. Esse ano quase não veio os novatos que começaram a limpar recentemente, tem mais o pessoal que já presta esse serviço faz tempo".
Ele comenta que não se importa em trabalhar no cemitério e que não tem medo. "Sou conhecido e já me acostumei a vir, já trabalhei de noite aqui. De vez em quando, você ouve o barulho da cruz batendo. Dá um sustinho, mas como dizia minha avó: ‘assombração é só medo, esses coitados que estão deitados aqui nunca vão assustar nós’".