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Capital

Familiares de mortos em confrontos com a PM fazem manifestação

Este ano, 47 pessoas morreram em ocorrências envolvendo a polícia em Campo Grande

Antonio Bispo e Ana Beatriz Rodrigues | 12/07/2023 15:03
Familiares de mortos em confronto com a Polícia durante manifestação no Parque dos Poderes (Foto: Alex Machado)
Familiares de mortos em confronto com a Polícia durante manifestação no Parque dos Poderes (Foto: Alex Machado)

Dezenas de pessoas ocuparam as calçadas do Parque dos Poderes, na tarde desta quarta-feira (12), pedindo justiça para familiares que morreram em confronto com a Polícia Militar, em Campo Grande.

A manifestação foi organizada pelo Instituto Anjos da Liberdade, que reúne famílias envolvidas nesses casos. Inicialmente, a intenção do grupo era de ocupar o canteiro da rotatória da Avenida Mato Grosso, localizada na entrada do Parque dos Poderes.

Entretanto, como não solicitaram autorização prévia, foram impedidos. Dessa forma, as pessoas montaram tendas na calçada do MPE (Ministério Público Estadual) e, com faixas e camisetas com a frase “chega de injustiça”, protestaram em frente a outros órgãos localizados na região, como o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Entre os manifestantes estava Crislaine Aparecida Gomes Rodrigues, mãe do jovem João Victor Rodrigues, de 20 anos, morto no dia 20 de setembro de 2020, durante confronto com policiais militares, uma vez que ele era suspeito de participar do sequestro de uma mulher de 50 anos, libertada após pagamento de resgate no valor de R$ 18 mil.

Ao Campo Grande News, Crislaine informou que o filho estava no “mundo do crime” desde que era menor. À época, contou que João Victor estava foragido e que a polícia estava à procura dele por conta do envolvimento no sequestro.

Afirmou que recebeu um telefonema do filho que dizia onde estava dormindo. Ela acredita que a ligação tenha sido interceptada, pois horas depois a polícia o encontrou. Na casa, o jovem tentou se esconder debaixo de uma cama, mas acabou morto pelos agentes. “Eu estou aqui por justiça”.

Outra familiar presente no movimento era a dona Maria Ilma, de 68 anos, e avó do jovem Victor Kauan Coelho de Souza, de 23 anos, morto na noite do dia 25 de fevereiro deste ano, em confronto com policiais no bairro Guanandi.

A idosa afirmou que estava em casa no dia do ocorrido e que policiais bateram no portão dela, dizendo que receberam uma denúncia de briga no local. Como não havia nada, eles foram embora, mas voltaram horas depois, quando houve o confronto.

Disse que com a idade que tem atualmente, precisa estar cobrando por justiça e quer que os envolvidos paguem pelo que foi feito.

Maria Ilma quer que os policiais envolvidos na morte do neto sejam julgados. (Foto: Alex Machado)
Maria Ilma quer que os policiais envolvidos na morte do neto sejam julgados. (Foto: Alex Machado)

Da mesma forma pede Elis Thatiane de Oliveira, de 36 anos, irmã de Claudinei de Oliveira, de 33 anos, morto na noite do dia 25 de novembro de 2021, em um confronto com policiais do Batalhão de Choque, no bairro Vida Nova, em Campo Grande.

“Eles chegaram abordando meu irmão, só que quando ele contou o vulgo dele, ‘nego bru’, a polícia atirou e depois eles alegaram confronto e apresentaram uma arma que meu irmão nunca tinha pegado”, disse.

A polícia afirmou, na época, que Claudinei participava de um “julgamento” do tribunal do crime, organizado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).

Familiares de Claudinei participaram do protesto. (Foto: Alex Machado)
Familiares de Claudinei participaram do protesto. (Foto: Alex Machado)

Investigação – A assessoria da Polícia Militar foi procurada e informou que, somente neste ano, 47 pessoas foram vítimas em ocorrências registradas como “homicídio decorrente de oposição à intervenção policial”.

“Para cada uma das ocorrências é instaurado um Inquérito Policial Militar que visa esclarecer todos os fatos atinentes à ocorrência, bem como, ao seu término, apontar se houve ou não indícios de cometimento de crime ou se a ação policial esteve respaldada por uma das excludentes de ilicitude, cabendo ao Poder Judiciário a análise final de todos os procedimentos instaurados. Quanto a eventuais casos sem solução, reiteramos e salientamos que para toda ocorrência que envolva tal fato, imediatamente a PM instaura um inquérito para a devida apuração dos fatos, e ao final, esse procedimento é remetido para a Vara da Justiça Militar Estadual, que aprecia e adota os procedimentos que julgar cabíveis”, disse em nota.

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